À primeira vista, os trabalhos do indiano Arun Kumar Bajaj, 35 anos, parecem pinturas. É difícil acreditar que retratos com tantos detalhes e linhas de expressão são feitos apenas com uma máquina de costura.
Filho de um alfaiate, Arun herdou o gosto pelas agulhas, linhas e bordados. Ainda na escola, participava ativamente em atividades que exigiam habilidades artísticas e trabalhos mais complexos. Certo dia, enquanto brincava com os instrumentos de trabalho do pai, percebeu que, se um bordado delicado podia ser feito a partir de fios e agulhas, também poderia fazer o mesmo com retratos em tamanho real.
Quando o pai morreu, o artista tinha apenas 16 anos. Foi obrigado a assumir o negócio da família, mas aproveitou a oportunidade para fundir aquilo que realmente o apaixonava com a profissão de costureiro.
Quase 20 anos depois, Arun Bajaj ficou conhecido no mundo inteiro como “o homem agulha”. Apesar disso, revelou ao site “Daily Hunt“, investir nas próprias obras chegou a causar uma crise financeira na família. No entanto, ele nunca desejou seguir a profissão de alfaiate.
“Costurar não é fácil. Um pequeno erro pode estragar toda a pintura e não há como desfazê-la. Preciso de torná-la muito precisa, sem nada a mais nem a menos”, contou Arun Bajaj ao site.
Ao longo dos anos já fez mais de 225 obras de arte — um trabalho bem diferente das tradicionais tapeçarias orientais, porque aqui cada peça é costurada à máquina. Entre os retratos está o do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. O político gostou tanto que fez questão de receber o artista, em 2018.
Em 2016, bateu um recorde e teve um trabalho publicado no livro dos recordes da Índia — o “Unique World Records”. Costurou um retrato do Lord Krishna com 1,80 metros de altura e 1,20 metros de largura, resultado de uma dedicação de três anos e um investimento de quase dois mil euros.
Arun Bajaj vende os trabalhos na loja Bajaj Arts, em Punjab (Índia). Os preços variam entre 125€ e 190€. É na página do Facebook que o artista divulga as suas últimas criações.
“Quando as pessoas veem as minhas fotos pela primeira vez, não acreditam em mim. Dizem que não é possível, mas ficam maravilhadas depois. Elas dizem-me que fiz com que o meu país tivesse orgulho em mim”, contou Arun Bajaj numa reportagem da BBC News.