Estávamos em maio de 2018 quando Mariana Machado tomou aquela que, provavelmente, foi a maior decisão da sua vida. Durante os últimos dois anos, a jovem tinha conciliado o trabalho de bloguer com o de enfermeira, contudo, nos últimos tempos tinha-se tornado demasiado complicado por falta de tempo.
“Estava efetiva, já geria equipas, mas infelizmente a enfermagem em Portugal é mal paga. Percebi que ganhava muito mais com o blogue, por isso ou arriscava nesta altura ou nunca mais isso ia acontecer. Não foi uma decisão fácil mas tinha de arriscar”, explicou à NiT no final de fevereiro deste ano.
Na altura, Mariana aconselhou-se com o marido e família mais próxima, que lhe deram todo o apoio na mudança. Contudo, a paixão pela enfermagem e por cuidar do próximo nunca lhe saiu da cabeça.
Por isso, após Portugal decretar o estado de emergência devido à pandemia de Covid-19, a it girl que tem mais de 113 mil seguidores no Instagram não teve dúvidas da decisão que tinha de tomar: voltar a exercer a profissão na qual se licenciou na Universidade Católica do Porto.
“Senti que podia contribuir nesta crise por ter formação em enfermagem. Tenho amigas enfermeiras com filhos, outras com problemas de saúde e eu, sendo enfermeira, não me sentia bem em estar em casa enquanto outros estavam na linha da frente”, conta Mariana à NiT.
Ainda antes de se informar sobre o que tinha de fazer para voltar a exercer, a it girl falou, claro, com a família. “Ficaram com receio, como é normal. Mas aceitaram a minha decisão.” A partir daí, a portuense não perdeu mais tempo.
“Candidatei-me primeiramente à Saúde 24, enviei um e-mail à Ordem dos Enfermeiros a disponibilizar-me para prestar serviços e também para o centro de rastreios aqui no Porto, uma vez que já tinha trabalhado com o laboratório Unilabs durante a minha carreira profissional”, conta.
Na sexta-feira, 27 de março, Mariana esteve em formação para a linha de Saúde 24. Dois dias depois começou a trabalhar no atendimento por chamada telefónica. Confessa ter algum medo, contudo, não é isso que a vai demover de ajudar os outros.
“Esta foi a profissão que escolhi inicialmente e sabia que tinha riscos associados. Nesta fase não podia ser egoísta. Sendo saudável, não me sentia bem em não ajudar”, confessa.