Maria Miguel tem 18 anos (comemorados esta quarta-feira, 18 de outubro), é natural de Braga, e uma das modelos portuguesas mais novas e que maior sucesso está a ter internacionalmente. Tem desfilado em quase todas as semanas de moda, de Paris a Milão ou Nova Iorque, e já tem um contrato de exclusividade com a Yves Saint Laurent.
Começou com 15 anos, depois de ter vencido o concurso da L’Agence “Go Top Model”, em 2016, e desde então nunca mais parou. Em criança, e durante vários anos sonhou ser jogadora de futebol, algo que jamais levaria a imaginar que um dia se tornaria numa manequim de sucesso. Um ano depois, Maria caiu nas graças de Anthony Vaccarello, o diretor criativo da Saint Laurent, e a 28 de setembro de 2017 estreou-se da melhor forma: foi a primeira modelo portuguesa a desfilar para a maison francesa e, ainda por cima, coube-lhe a honra de abrir o desfile.
A partir daí toda a sua carreira tem vindo a crescer de forma quase meteórica. Depois deste desfile, assinou um contrato de exclusividade com a Saint Laurent e foi uma das musas da campanha de verão da marca, fotografada em Nova Iorque. Desde esse momento, muitas outras marcas de luxo começaram a olhar para ela com outros olhos. Seguiram-se, deste modo, os desfiles para Isabel Marant, Chanel e Tom Ford.
Com uma carreira tão internacional, a modelo viu-se obrigada a mudar-se para Paris, cidade onde vive e de onde prossegue os estudos à distância. Em Portugal, a modelo também já chegou a desfilar para a ModaLisboa e em maio de 2018 recebeu o Globo de Ouro de Melhor Modelo Feminino. Atualmente, conta com mais de 11,5 milhões de seguidores no Instagram.
Como é que surgiu o interesse na indústria da moda?
Nunca foi uma coisa que pensasse, embora por vezes tivesse o interesse de experimentar, porque era abordada em centros comerciais e em outros espaços nesse sentido. Acho que foi crescendo.
Como é que foi descoberta e quando?
Fui desafiada pela minha tia a participar no concurso da L’Agence, “Go Top Model”, em finais 2016. Acabei por vencer e tudo isto começou.
O primeiro desfile em que entrou foi ainda em Portugal, durante a apresentação das coleções de outono/inverno na edição de março de 2017 da ModaLisboa. Qual foi o impacto de desfilar numa passerelle?
Foi, talvez, o momento mais tenso. Era a primeira vez. Não sabia o que valia, o que as pessoas iam pensar, nem muito bem o que fazer.
Depois disso, foi convidada para desfilar para a Yves Saint Laurent, em setembro do mesmo ano. Como é que isso aconteceu?
Depois de um casting, uma espera, e a boa nova. Foi espetacular perceber que àquele nível fui escolhida.
Como é que se sente em saber que começou logo com um contrato de exclusividade com a marca?
Não tinha muito a noção da importância, mas percebi pela reação da agência que era algo muito exclusivo.
Quais acha que são as principais diferenças entre desfilar em Portugal e lá fora?
Desfilei em tempos diferentes da minha carreira pelo que qualquer comparação pode ser errada.
Como se sente em ser a primeira portuguesa a desfilar para a Tom Ford?
Não sinto nada de especial por ser a primeira. Sinto-me honrada sim por ser escolhida. Seja a primeira ou a décima. Agora se me perguntam o que sinto em desfilar para a Tom Ford respondo: um enorme orgulho.
Sente que isso faz de si e do seu trabalho uma inspiração para a nova geração de modelos nacionais?
Num aspeto espero que sim: saber que apesar do mercado (português) ser pequeno, podemos sonhar.
Desfilando lá fora, como vê a indústria da moda em Portugal?
Acho que Portugal está a ter uma reputação cada vez maior a nível internacional e a prova disso é que temos designers portugueses a apresentar coleções nas grandes capitais da moda hoje em dia. Temos também qualidade nos materiais e na produção e isso permite, por vezes, que as grandes marcas internacionais recorram ao nosso país. Tudo isso nos ajuda a crescer.
Sabemos que é difícil, dado o seu currículo, mas há alguma marca para a qual ainda queira desfilar?
Eu quero em primeiro lugar cumprir com quem me contrata. Depois já aprendi e melhorei muito em desfiles de marcas menos conhecidas, pelas quais dou tudo de mim. Por fim, faço o meu trabalho e saio de alguns desfiles a pensar que nada daquilo é superável. Mas acabo sempre por me surpreender num novo. Assim, o que quero mesmo é que me surpreendam.
Há alguma modelo com quem ainda queira partilhar a passerelle?
Gosto muito de me cruzar com as minhas amigas modelos. É sempre com elas que mais desejo estar.
Como é que gere o dia-a-dia durante as semanas da moda? Sobra algum tempo livre para fazer alguma coisa além de dormir?
É muito intenso. Castings, fittings, ensaios… correr de um lado para outro, quase sem tempo para nada. Depois gerir muito bem as expectativas.
Ainda está a estudar? Pretende seguir algum percurso académico em específico?
Sim. Queria matemática, mas penso que não vou conseguir acompanhar as aulas. De modo que devo seguir gestão ou economia.
Falando do seu percurso a nível pessoal, sempre gostou de jogar futebol. Voltar aos campos é um sonho por concretizar?
Não. Agora só um treininho com o meu pai.
Sabemos que viajou muito quando era mais nova. Isso teve algum impacto na sua vida e na atual carreira de modelo?
Não. Ajuda, isso sim, ter estudado em escolas internacionais e ser bilingue. Imagino o duro que será deixar amigos e família e não saber comunicar.
Como é estar sempre a viajar? Sendo uma rapariga tão nova, acreditamos que nem sempre seja muito fácil estar longe da família e dos amigos de sempre.
Não só não é fácil, como é das partes mais difíceis de ter uma carreira internacional como modelo. Tento sempre arranjar formas de estar sempre em contacto com os amigos e família, mas há dias em que falta um miminho.
Há mais algum sonho ou objetivo que ainda queira realizar, tanto a nível pessoal como profissional?
Agora é consolidar.
Tendo em conta a ascensão do movimento #MeToo, sente que houve alguma mudança no backstage dos grandes desfiles? Há algum tipo de preocupação acrescida da parte dos produtores e até dos próprios designers para com as modelos?
Só sinto carinho, apoio, proteção. De todos.
Sobre as suas redes sociais, reparámos que tem apenas 145 publicações em três anos de conta de Instagram mas, ultimamente, tem partilhado mais fotografias e até instastories. Acha que é importante estar mais presente e mais atenta às redes sociais?
São novos canais de comunicação e promoção. Temos de os saber usar.
Vemos muitas vezes a Maria em passerelles. Com o fim das semanas da moda internacionais, vamos começar a vê-la em mais editoriais?
Agora tenho um exame para fazer. Depois sigo para Nova York. Mas confio plenamente na L’Agence e na Next e eles saberão gerir a minha carreira.
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