Quando se juntava com as amigas para brincarem na sua casa, em Nova Floresta, no Paraíba, Brasil, Juliana Bezerra criava restaurantes fictícios e cobrava entrada. “Tinha apenas oito anos, mas já era muito empreendedora”, conta à NiT enquanto ri a recordar a história.
Durante a infância e adolescência, a mulher de 38 anos sempre foi assim. Em miúda adorava inventar brincadeiras, mais tarde transferiu a imaginação para os novos materiais que começou a trabalhar. “Sempre adorei bijuteria, por isso aproveitei os tempos da faculdade para criar umas peças.”
Tinha 20 anos quando produziu à mão os primeiros brincos, dos quais se recorda bem. “Eram grandes e feitos de latão. Levei-os para a faculdade, em Fortaleza, e mal a funcionária da secretaria os viu perguntou se eu vendia esses acessórios.”
Juliana não sabe bem porquê, mas respondeu que sim. Foi para casa e aproveitou a madrugada para tratar da encomenda, que vendeu por oito reais (equivalente a 1,77€). A partir daí, começou a fazer bijuteria para vender às colegas nos intervalos.
“Levava tudo numa caixinha roxa com bolas laranja. As peças tinham tanto sucesso que ganhei coragem e fui bater à porta de várias lojas para saber se queriam vendê-las”, conta.
Na altura, uma marca local chamada Produção aceitou o pedido da brasileira. “Fazia brincos, colares, cintos com missangas e vendia tudo. As pessoas adoravam.”
Quando terminou o curso de Turismo e Hotelaria, Juliana começou a estagiar na área. Entretanto, a avó Ana Almeida, de 78 anos, com quem tinha sido criada morreu com cancro na mama. “Nesta fase menos boa decidi vir para Portugal passar uma temporada para casa de amigas.”
Viajou até Lisboa com o objetivo de passar três a quatro meses, mas apaixonou-se duas vezes: pela cidade e por Francisco Martins, um lisboeta que hoje é seu marido — e têm uma filha, Clara Martins, com 11 meses.
Quando percebeu que já não ia voltar para o Brasil, decidiu inscrever-se num curso na Escola de Joalharia, no Cais do Sodré, que entretanto fechou. Esteve lá durante quatro anos.
“Cheguei lá a achar que já sabia tudo, mas não. Eu sabia fazer a montagem, mas faltava-me aprender a criar, fundir a prata, essas coisas.” Foi mesmo isso que começou a fazer na galeria de Teresa Seabra, onde estagiou no Bairro Alto, em Lisboa.
Quando o estágio terminou, Juliana resolveu abrir um atelier com três amigas: Ana Sales, Mafalda Maia e Sónia Adónis. Na mesma altura, criou a marca homónima e passou a vender as suas peças através do Facebook, além de atender naquele espaço de Santos, em Lisboa, por marcação.
Um dia, a brasileira recebeu um contacto de Érica Bettencourt, a CEO da marca Bohemian Swimwear. “Ela tinha visto as minhas peças e queria fazer uma parceria para uma nova campanha. Isso deu-me muita visibilidade”, conta à NiT.
Tanta visibilidade que Juliana achou que era altura de abrir um atelier só seu, no Pátio Bagatela, em Lisboa. Desde aí que tem feito várias coleções de joias, com anéis, pulseiras, colares, brincos e muito mais.
No final de 2018, começou a pensar criar uma linha para noivas. “Todas as minhas campanhas tinham uma ou duas peças pensadas para casamentos e eu já fazia alianças. As pessoas gostavam tanto que decidi desenhar a ‘La Fête‘” — lançada a meio de maio deste ano.
Ao todo, a coleção tem 46 opções, entre brincos, colares, pulseiras, anéis, acessórios para cabelo, colheres e até botões de punho para os noivos. As peças (que “podem demorar três horas ou um dia a produzir”) são todas feitas em prata ou prata dourada por Juliana e mais duas funcionárias no atelier de Lisboa.
Este espaço está aberto ao público de terça a sexta-feira, entre as 13 e as 19 horas — aos sábados pode lá ir das 10 às 13 horas. Se quiser, pode também comprar esta ou outra linha através do site.
Quem manda nisto tudo?
Nome: Juliana Bezerra
Idade: 38 anos
Profissão: Joalheira
Peça preferida: Os brincos Edulis
Guilty pleasure: Dar nomes às plantas e objetos de que gosta muito
Convença-nos a conhecer a coleção: “No dia de celebrar o amor use joias feitas com amor.”
A seguir, carregue na galeria para conhecer algumas peças de “La Fête”.