Robert Wallace, de 67 anos, morreu de forma súbita na República Dominicana, no passado mês de abril, alegadamente depois de consumir uma bebida do minibar do seu quarto de hotel. Estava a passar férias num dos mais populares destinos turísticos do mundo e não tinha qualquer problema de saúde grave.
Miranda Schaup-Werner, uma norte-americana do estado da Pensilvânia, 41 anos, morreu no final do mês de maio, enquanto estava de férias no mesmo país. Foi encontrada no Grand Bahia Principe Bouganville a 25 de maio, quando celebrava o nono aniversário de casamento com o marido. A família diz que entrou em colapso e morreu pouco depois de tomar uma bebida no bar do hotel. Tinha feito o check-in menos de 24 horas antes.
Cinco dias depois, numa outra unidade da mesma cadeia, Nathaniel Edward Holmes, 63 anos, e Cynthia Ann Day, 49 anos, ambos do estado norte-americano do Maryland, foram encontrados mortos no Grand Bahia Principe La Romana por um funcionário que foi ao quarto ver porque não teriam feito o check-out na data prevista. O casal tinha ido à ilha dominicana celebrar o seu noivado. Chegaram a 25 de maio e deveriam partir no dia 30. Para aumentar as coincidências, deram entrada no mesmo dia — ainda que num hotel diferente — do que Miranda Schaup-Werner.
As autópsias preliminares divulgadas pelas autoridades dominicanas a estas três mortes mais recentes dizem que todos tinham líquido nos pulmões e insuficiência respiratória. Os relatórios de toxicologia ainda não foram revelados. Já Robert Wallace, que morreu em abril, ainda não tem causa de morte oficial mas a família diz que, depois de beber um whisky do minibar, começou a sentir-se mal e a ter sangue na urina.
Mais casos agora, mas já acontece há um ano
Segundo a CBS News, estas são as histórias mais mediáticas e mais recentes, mas são já seis os turistas norte-americanos que morreram em circunstâncias misteriosas nos últimos 12 meses neste país das Caraíbas. As histórias estão a levantar receios em todo o mundo — já que os milhares de visitantes anuais a este destino vêm basicamente de todo o lado — mas, graças aos casos norte-americanos, as autoridades dos EUA são neste momento as mais atentas e envolvidas. E até o FBI e a Organização Mundial de Saúde já estão a investigar os casos.
Ainda de acordo com o canal de televisão, Yvette Monique Sport também morreu no ano passado num outro resort da cadeia Bahia Principe, novamente depois de beber algo do minibar. Tinha 51 anos.
Já no mesmo hotel onde em abril deste ano morreu Robert Wallace — o Hard Rock Hotel and Casino, em Punta Cana —, David Harrison, de Maryland, morreu no ano passado. O homem de 45 anos adoeceu subitamente em julho de 2018 e terá sofrido um ataque cardíaco.
O “The New York Post” vai mais longe e escreve esta segunda-feira, 10 de junho, que há 70 turistas a relatarem ficar doentes durante as suas férias na República Dominicana desde o passado mês de março, de acordo com um site sobre surtos de doenças transmitidas por alimentos em destinos de férias normalmente usado por viajantes.
Segundo esta plataforma, a iwaspoisoned.com, citada pelo jornal, só em junho deste ano 52 turistas relataram sintomas de vómitos, diarreia e febre. Muitos teriam estado no Hard Rock Hotel e Casino Punta Cana, mas há casos de diversos outros resorts.
Dado o número anormal de casos, o próprio fundador deste site, Patrick Quade, decidiu investigar e consultou uma microbiologista de alimentos do departamento de ciência alimentar da Universidade Estatal da Carolina do Norte, Lee-Ann Jaykus, que disse que em teoria a exposição a um inseticida químico pode causar vómitos e diarreia e, em casos extremos, pode causar crise cardíaca.
Ainda tudo é inconclusivo
Enquanto isto, os media norte-americanos estão num autêntico frenesim com a situação: tanto relatam centenas de cancelamentos por parte de turistas assustados, como surgem com novas histórias de pessoas que terão sentido fortes sintomas físicos no regresso das férias na República Dominicana e só agora vieram contar as suas experiências.
O “NY Post” fala de Awilda Montes, de 43 anos, que disse ter começado a vomitar sangue depois de beber um refrigerante do seu minibar no Grand Bahia Principe em outubro passado, mas que conseguiu sobreviver.
Já a CNN conta a história de um casal, Kaylynn Knull, 29 anos, e Tom Schwander, 33, que entraram com uma ação em tribunal contra os donos do outro hotel da mesma cadeia envolvido nos casos mais recentes no início deste ano, depois de um lhes ter sido diagnosticado provável envenenamento por inseticida. Tinham estado no Grand Bahia Principe Hotel La Romana em junho de 2018 e, depois de sentirem um forte cheiro a químicos no quarto, começaram a vomitar, suar, ter diarreia e até sangrar. Já de volta aos EUA e ainda com sintomas, receberam o diagnóstico médico de possível envenenamento por organofosfatos.
As dúvidas são muitas e os factos poucos, sendo sobretudo confusas as duas aparentes causas: algo no minibar ou algo relacionado com os componentes dos inseticidas, usados regularmente em muitos resorts para afastar os mosquitos e melgas dos quartos. Sendo que, na verdade, ainda não há provas ou factos oficiais, podendo ser tudo apenas uma coincidência.
As autoridades e hotéis locais acusam os media de espalhar informações imprecisas e garantem que não há motivos para preocupação, sobretudo tendo em conta que milhões de turistas visitam a ilha a cada ano sem nada a relatar.
Só que, complicando ainda mais a situação, um outro caso aconteceu este fim de semana, quando a ex-estrela dos Red Sox David Ortiz foi atingida a tiro na sua cidade natal, Santo Domingo. A ilha também tem sido alvo de relatos de violência e assaltos, o que agrava as preocupações. Nos seus alertas de viagem, o Departamento de Estado dos EUA classifica atualmente a República Dominicana com risco dois numa escala de quatro, pedindo aos visitantes que “exerçam maior cautela”.