Facto da vida: Cancun, México, como destino, já era. Entre os milhares de turistas, a poluição, a criminalidade cada vez mais elevada, levando mesmo a recomendações governamentais de “não vá” e os spring breakers (milhares de jovens que invadem a região nas férias), muitos turistas começam a procurar alternativas. E vale bem a pena. Sobretudo quando a opção fica no mesmo país, não muito longe dali, e é um verdadeiro tesouro escondido.
Dizem os jornais norte-americanos que Holbox pode vir a ser o novo Tulum. Este era um destino até há pouco tempo paradisíaco, com praia e ruínas maias, até há anos praticamente desconhecido e totalmente preservado — e agora está na moda e começa a ser sobrelotado também.
Em todos os artigos, fica a esperança de que tal —embora possa acontecer—, não se venha a verificar, não ali. É que Holbox é muito especial, a vários níveis, que começam pelo seu tamanho e infraestruturas. Turistas em doses pequenas, com medidas de contenção se a coisa começar a fugir de controlo, é o que se pede.
Ali a paz ainda existe, a praia é feita de espaço e não de pessoas, as águas são transparentes e cristalinas e pode correr a ilha toda, a pé (ou de bicicleta) e até descalço.
À noite, anda-se de chinelos, comem-se crepes de chocolate e bebem-se sumos junto à areia. De dia não tem nada para fazer: nada a não ser praia, mergulhos, ver pássaros, ler livros, aproveitar o silêncio, passear. Umas férias de sonho, cada vez mais difíceis de encontrar.
Os mexicanos adoram a ilha e usam-na como escapadinha para ficar longe de tudo, do stress e da cidade — diz-se que até a ligação wi-fi desaparece muitas vezes e no, pico do verão, o saneamento pode ser taxado.
A preservação, à partida, será sempre ali regra, mesmo quando o mundo a descobrir, porque a ilha fica na área protegida de Yulum Balam, uma das regiões ecológicas mais importantes do mundo, com uma enorme diversidade de ecossistemas: uma espécie de santuário natural.
Este paraíso é de fácil acesso e tem uma geografia sem paralelo. Fica na ponta mais extrema da Península de Yucatán, um braço de terra que se separa do México, e a apenas três horas de Cancun. Devido à sua localização, é banhada em simultâneo pelo Golfo do México e pelo Mar das Caraíbas e também aí reside a sua magia: as águas mudam de temperatura, às vezes até de cor, consoante as marés.
Na língua maia, Holbox significa ‘buraco negro’ mas não podia ser mais o oposto. Tudo ali é cristalino, a areia branca, a natureza intocada. A norte, na famosa praia Mosquito Bay, os flamingos são às centenas e nos meses de agosto e setembro há baleias pela costa. O buraco negro do nome vem, afinal, da cor escura das águas de uma lagoa que os maias até diziam ser a fonte de juventude e onde qualquer um pode mergulhar: Yalahau.
Além da pesca, que é a principal fonte de rendimento dos cerca de dois mil habitantes permanentes, a ilha começa a viver do turismo, e a oferta de dormida já é bastante variada — porém, em conta. Existem pousadas, bungalows, hotéis, parques de campismo e quase tudo é na praia ou perto dela. Restaurantes também não faltam, todos com marisco e peixe.
Os carros não são necessários e muitas estradas nem são alcatroadas: a cavalo, a pé, em carrinhos de golfe — o modo de transporte mais utilizado —ou de bicicleta, consegue conhecer o local.
Se quiser visitar as ilhas próximas, há barcos para apanhar. A mais recomendada é a Ilha dos Pássaros, mas também pode conhecer a pequena e paradisíaca Passion Island e Yalahau, a tal do lago que é a fonte da juventude. Os locais organizam passeios constantemente.
No meio disto tudo, falta a cultura mexicana: a música, os quadros, as imagens de Frida Kahlo, a arte de rua, as casas e paredes pintadas às cores são também uma constante, por todo o lado.
A ilha consiste basicamente numa grande avenida que desemboca na praia, com pousadas e hotéis lado a lado. E depois uma pequena vila (ou centro) com lojas, bares e restaurantes.
Para conhecer este paraíso só precisa de começar por apanhar um voo Lisboa-Cancun: em outubro, por exemplo, encontra opções de ida e volta a 606€.
Depois, apanha um autocarro — encontra-os até no aeroporto, variam de preço mas custam na generalidade poucas dezenas de euros — para o porto de Chiquilà. Daí partem barcos regulares, que demoram 30 minutos (e custam apenas 8€) para a Ilha Holbox.
Para dormir, pode ficar nas tais pousadas e hotéis. Umas das mais populares são a Villa Casa Mediterrâneo e a Casa Blatha, com preços a partir de 67€, por noite e por quarto duplo.
A Pousada Mawimbi é um hotel num jardim tropical perto da praia, cheio de cultura maia e, por isso, muito procurado também. Os preços começam nos 180€.
Num lado mais luxuoso, a Casa Las Tortugas é um hotel boutique à beira mar, a ideia de férias idílicas. Os preços começam nos 200€.