A notícia veio em abril e caiu que nem uma bomba: numa feira do setor da aviação em Hamburgo, foi apresentado um novo modelo de cadeiras, quase verticais, que podem vir a ser instaladas em aviões comerciais de todo o mundo.
Os bancos, desenhados para a classe económica, claro, conseguem permitir que caibam mais passageiros numa aeronave, mas o conforto é tão duvidoso que as redes sociais incendiaram-se de imediato, discutindo até que ponto o bem estar dos passageiros poderia ser abdicado.
Estas cadeiras Skyrider 2.0 ainda não chegaram, mas é inegável que muitas companhias aéreas em todo o mundo têm, nos últimos anos, reduzido progressivamente o espaço ocupado pelos lugares sentados, afim de conseguir ganhar espaço para mais pessoas por voo, rentabilizando assim cada viagem ao máximo (e podendo, defendem-se as empresas de aviação, também cobrar preços mais baixos).
E já nem são só as cadeiras: uma notícia desta semana do jornal britânico “The Independent” explica que até as casas de banho dos aviões podem mudar em breve — neste caso encolher. Com os preços do petróleo a subir, os viajantes a exigir cada vez preços mais competitivos e as companhias a verem os lucros cair, muitas operadoras aéreas já estarão a requisitar lavatórios e WCs novos e mais pequenos, que deixam espaço para uma fila adicional de assentos a bordo.
Mas no que respeita às cadeiras, e ao conforto durante o voo, vários grupos de cidadãos consideram que as reduções dos últimos anos já chegam — e o congresso norte-americano parece concordar.
Segundo o “The Telegraph“, pegando em dados concretos que comprovam uma redução na dimensão das cadeiras em companhias como a Qantas, a Lufthansa ou a United Airlines, entre outras, o Senado dos EUA está sob pressão para apoiar uma legislação que pode definir um tamanho mínimo para lugares de avião.
O FlyersRights.org, o principal grupo de passageiros dos EUA, diz que a tendência de redução dos lugares começa a representar um risco à saúde e à segurança e pede que o Congresso evite que as companhias aéreas reduzam ainda mais os assentos e estabeleçam uma dimensão mínima. A medida até já foi aprovada na Câmara dos Representantes, mas ainda precisa da aprovação do Senado, o que a acontecer pode ser seguido noutras partes do mundo.
Os cidadãos defendem que uma parte substancial da população já não consegue caber nos assentos e que as cadeiras mais apertadas podem até aumentar o risco de os passageiros criarem coágulos sanguíneos
“Nós chamamos isso de tortura”, disse Paul Hudson, presidente da organização, ao jornal. O grupo garante ainda que com os assentos menores é impossível evacuar um avião em 90 segundos, conforme exigido por lei, mas esse facto ainda não foi confirmado por nenhum órgão oficial.
Apesar das críticas, há oito anos, em 2010, a Ryanair realizou um inquérito a 120 mil pessoas e descobriu que 80 mil deles considerariam sentar-se neste tipo de lugares, mais pequenos, se estivessem livres. 42% disseram mesmo que os usariam se a tarifa custasse metade de um bilhete tradicional.