Dezenas de pessoas reuniram-se no domingo passado, 18 de agosto, para subir o vulcão onde antes estava um glaciar com 15 quilómetros quadrados chamado Okjökull (“jökull” é a palavra islandesa para glaciar), na Islândia. Consigo, levavam uma placa com uma mensagem arrepiante para os futuros habitantes do planeta, que agora marca o local onde resta apenas um pequeno pedaço de neve.
“Este será o primeiro monumento no mundo em honra a um glaciar desaparecido para as alterações climáticas” afirmou em comunicado Cymene Howe, antropóloga e realizadora do documentário “Not Ok” (ou “não está ok”, em tradução livre). Ok é agora o nome do local, que perdeu o oficialmente o sufixo “jökull” com o desaparecimento quase total do gelo.
O funeral, explicou Howe, serve para alertar o mundo para as perdas que são provocadas pelo aquecimento global. Na placa com o nome “Uma carta para o futuro” pode ler-se a seguinte mensagem: “Ok é o primeiro glaciar islandês a perder o estatuto de glaciar. Nos próximos 200 anos, espera-se que todos os nossos glaciares sigam o mesmo caminho”.
“Este monumento serve para reconhecer que sabemos o que se está a passar e o que é preciso fazer. Apenas vocês saberão se o fizemos”. A última frase — “apenas vocês saberão se o fizemos” — é um testemunho assombroso para as próximas gerações que passarem por aquele local.
O mês passado foi o mais quente alguma vez registado no planeta. A Europa foi invadida por uma onda de calor sem precedentes e a Gronelândia viu camadas de gelo a derreter a uma velocidade que não era esperada antes de 2070 — e este cenário seria o pior imaginável.
Os cientistas atribuem esta subida de temperaturas ao aquecimento global. A Islândia tem perdido cerca de mil quilómetros quadrados de glaciares por ano.