“Bem-vindo às Lava Homes, uma pequena aldeia turística plantada na Terralta, freguesia de Santo Amaro, Ilha do Pico, Açores. Uma casa longe de casa, num paraíso perdido.” Esta é a descrição que o recebe no site do novo resort de alojamentos, 14 no total, que vão tornar a Ilha do Pico um destino ainda mais irresistível — e que já estão a atrair o interesse nacional e internacional.
As Lava Homes abriram no passado mês de abril e os primeiros hóspedes chegaram semanas depois. Do sonho e visão de uma mulher, Benedita Branco, nasceu um complexo único no mundo: nas casas cravadas numa encosta, com vista para o mar, para a baía de Santo Amaro e para o topo da montanha em dias claros está um verdadeiro sonho, nas palavras dos primeiros visitantes.
“Quase que não quero elogiar este lugar e manter tudo para mim, mas o trabalho duro que foi feito para torná-lo deslumbrante, e o que ele é, não podem passar despercebidos. Este lugar é impossível de bater e digo-o como um viajante do mundo, que já esteve em alguns dos hotéis mais incríveis.” É este o tipo de críticas que pode esperar, na página do Airbnb, do Facebook ou onde quer que pesquise as Lava Homes.
Tudo começou há menos de quatro anos, quando, no verão de 2015, Benedita — que é natural de Aveiro — teve o sonho de construir uma pequena aldeia na Ilha do Pico, ideal para férias de famílias.
“Eu venho para aqui há 40 anos, desde os 15, porque tinha então um namorado cujo pai era daqui; depois acabei por comprar casa e há cerca de sete anos comecei a pô-la no Airbnb: uma casa de pedra que recuperei integralmente, rasguei janelas para o mar, piscina aquecida e descobri que era uma fórmula fantástica: está sempre cheia.”
A génese do projeto surgiu assim, conta Benedita Branco à NiT. “Comecei a ver que era um bom negócio e simultaneamente a ver o turismo na ilha a crescer cada vez mais. Foi aí que pensei em deixar as empresas que tinha, na área de Internet e de media, vendê-las e com o dinheiro comprar mais casas para alojamento local”, adianta.
Enquanto procurava casas, até ali com o plano de criar um alojamento local de cada vez, a empresária encontrou uma antiga fábrica de queijos, numa encosta íngreme, ao longo da costa norte da ilha, numa localização de sonho. Tinha tudo o que tinha idealizado — e é agora o centro do resort.
Toda a zona na freguesia de Santo Amaro, a Terralta, parecia a escolha perfeita pelo facto de ter ainda muito pouca oferta de alojamento e um enquadramento paisagístico único, património cultural e envolvente ambiental, onde predominam a calma e a tranquilidade, incluindo as piscinas naturais do Portinho e do Caisinho e o parque de merendas da Furada. Havia ainda várias ruínas que podiam ser aproveitadas.
Benedita pensou que, em vez de comprar casas espalhadas no espaço e tempo, tudo isto pedia para comprar mais de uma vez. Mas, se fazer um resort seria o mais lógico e prático e permitiria usar mais área, para declarar os alojamentos como resort, teriam de ser no mínimo seis casas — um investimento maior do que o previsto. “Comecei a perguntar aos meus amigos quem queria investir e oito aceitaram: acabámos por comprar mais terrenos e por fazer as 14 casas”, conta.
E também um restaurante, o MAGMA, “porque há pouca restauração na ilha. Há muito interesse e turismo mas a ilha ainda tem de dar uns passos nos serviços porque já tem muita aventura, baleias, caminhadas, mas faltam pastelarias ou restauração”.
Entraram oito sócios no total, o último dos quais Nuno Santana, um comunicador nato e CEO da NIU, agência de eventos responsável, entre outros, pelo Wonderland Lisboa.
“Mas o melhor é que todos os investidores foram muito ativos e complementares. Um é advogado e tratou da parte legal, outro é da ilha e trata dos papéis com a câmara, todos contribuem. Eu ando nas casas, desde contratar e receber até carregar pedras, se for preciso”, diz Benedita, que vive na ilha há dois anos.
Nuno Santana deu o empurrão do espalha-palavra e comunicação do espaço — terá transmitido a novidade à apresentadora Carolina Patrocínio que, com duas publicações no Instagram, tornou as Lava Homes virais. Mas a abertura ainda não foi propriamente noticiada, comunicada às massas. Porque, simplesmente, não é preciso.
“Abrimos a 1 de abril, no sentido de ter recebido a licença nesse dia, e os primeiros hóspedes chegaram há sete semanas. Não fizemos comunicação, contactámos a base de dados que aqui tínhamos e ficámos logo com umas 60 reservas para o verão. Em julho e agosto estamos virtualmente esgotados”, adianta a empresária.
O restaurante ficou pronto antes dos alojamentos e abriu em agosto do ano passado. Quem o visitava ia pedindo para ver o resort e a construção e foi deixando o contacto. “Foram só essas pessoas que avisámos e aconteceu isto. Fomos apanhados de surpresa, estávamos à espera de uma abertura lenta.”
As casas só podem ser alugadas através do site ou Airbnb. “Não vou estar em bookings, tripadvisors. É pequeno, é mesmo para um conceito de família, aventura, de espírito de ficar na casa dos outros, de alojamento. Mais rústica, mais natureza, mesmo o tipo de atendimento pessoal. Não quero que as pessoas venham à espera de um hotel porque não é isso que vão encontrar”, adianta a proprietária.
São 14 bungalows, mas há um relacionamento muito personalizado, acrescenta: “Pedimos a reciclagem do lixo, a consciência ecológica na utilização da água, e no Airbnb há mais essa ligação, há troca de mensagens ainda antes da chegada para ficar tudo claro, etc. Isto, no fundo, é uma pequena aldeia, com restaurante, mercearia, piscina aquecida e estúdio de ioga.”
E mais: tem 420 espécies de plantas. “É quase um pequeno jardim botânico, feito pela minha mãe e leva-se praticamente dois dias só para vê-las. Por isso não queria aquele cliente que vem a correr. Temos demonstrações da confeção de bolo de milho, queremos levar as pessoas à pesca da pedra, é um tipo de férias que é mais uma experiência.”
Sempre com a hospitalidade característica da ilha em mente. “Agora estão cá dois turistas e até estou a ajudá-los a comprar casa; querem ter a sua casa na ilha.”
O resort foi projetado pelo escritório de arquitetura português Diogo Mega Architects com energia renovável e materiais de origem local. As unidades de alojamento, espalhadas em socalcos, dividem-se em três casas de tipologia T1, oito T2 e três de tipologia T3, “mais pequeninas e românticas”. Além da mercearia, sala de ioga e restaurante, o ex-libris é a piscina exterior: é aquecida, infinita e tem uma cascata. As casas são totalmente equipadas.
“Os pacotes não incluem pequeno-almoço porque há uma mercearia e há quem prefira usufruir das casas; outros turistas tomam-no no restaurante, fica ao critério de cada um.” Quem quiser passar por lá no inverno, vai encontrar uma casa longe de casa, com equipamento total e conforto, além de preços especiais ao mês.
Atualmente, um T1 (um quarto) custa 120€ na época baixa (novembro a março), 150€ na média (abril a junho e o mês de outubro) e 180€ na época alta (julho a setembro) por noite.
Um T2 custa, respetivamente, 170€, 200€ e 230€; e um T3, 220€, 250€ e 280€. Estes são preços de arranque e, para o ano, sobem todos 20€. Mas, se quiser marcar, apresse-se: já há várias reservas para outubro deste ano e maio de 2020.
Carregue na galeria para conhecer melhor estas incríveis casas na Ilha do Pico, Açores.