Era um palacete do século XV, originalmente propriedade do Morgado do Esporão e perto daquela que, dizem alguns, seria a casa de Vasco da Gama. No passado, nesta rua ficava alojada a princesa D. Isabel de Portugal, filha do rei D. João I. Agora, este antigo palacete devoluto, paredes meias com o Templo Romano de Évora, foi recuperado e renasceu com um conceito inovador: uma unidade hoteleira, sobretudo vocacionada para cientistas, investigadores e artistas.
Abriu parcialmente em julho de 2017 e por completo em fevereiro, a Casa Morgado Esporão – Residência das Artes, Ciências e Humanidades e o que promete é original no nosso País: um turismo para visitantes mas também para quem queira ficar por longos períodos — por um período sabático, a organizar uma reunião ou workshop, a procurar tranquilidade para colocar as ideias no papel, a trabalhar e investigar. E tudo isto no coração de Évora, Património da Humanidade.
Segundo explica o seu o promotor, o investigador e professor da Universidade de Évora, Miguel Bastos Araújo, a ideia surgiu de querer aproveitar “uma cidade fantástica” e com “uma dinâmica científica crescente e interessante” e dotá-la de infraestruturas para “competir com Oxford e Cambridge”.
“Sempre achei que Évora estava para Lisboa como Cambridge e Oxford”, centros universitários ingleses, “estavam para Londres”, compara o cientista à Lusa, citado pelo Diário de Notícias. Bastos Araújo é também investigador do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid, especializado nos impactos das alterações climáticas na biodiversidade e, acrescenta a Rádio Renascença, é considerado o segundo investigador nacional mais citado no planeta.
Miguel Bastos Araújo explica que a ideia lhe surgiu porque ele próprio sentia necessidade de um espaço como este em Portugal, quer por nas suas viagens a trabalho encontrar espaços e conceitos destes no estrangeiro e nenhum cá, como porque “quando convidava investigadores para virem a Évora era sempre muito complicado”, instalá-los “onde pudessem ficar vários meses como se estivessem em sua casa”.
O investigador explica que o turismo científico é diferente na medida em que as pessoas vêm sobretudo para trabalhar, procurando comodidades mais próximas de uma casa — desde que com qualidade —, do que de um hotel.