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Já pode dormir na estação de comboios de São Bento
O The Passenger tem espaço para 82 pessoas e, se estiver inspirado, pode tocar no piano que é mais antigo do que a própria estação.
Há pouco mais de um ano, Rita Figueira andava à procura de peças suficientemente distintivas para decorar o espaço dos antigos escritórios da Estação de São Bento. Durante uma pesquisa na internet, encontrou um piano de meia cauda ainda mais velho do que a própria estação de caminhos de ferro.
“Queríamos comprar uma coisa que tivesse história”, conta Rita à NiT. “Este piano é de 1906, e os nossos hóspedes gostam muito dele, há sempre alguém que quer tocar.”
A peça é talvez uma das mais distintivas no meio de tantas outras que pode encontrar no hostel The Passenger, que desde julho ocupa o espaço que estava vazio há vários anos. Rita é dona de uma empresa que reabilita edifícios, a F2IS, e há cerca de quatro anos surgiu a oportunidade de concessionar esta unidade com tanta história e potencial na cidade do Porto.
O projeto foi rapidamente aceite pela então REFER, hoje conhecida como Infraestruturas de Portugal (I.P.), mas os vários processos burocráticos atrasaram o avanço durante algum tempo.
“Como projeto em si demorou a desenvolver, mas apenas em termos de tempo”, recorda a empresária. “Demoramos cerca de um ano e meio até termos aprovação, depois foi mais um ano, aproximadamente, em que estivemos a fazer obras.”
O projeto arquitetónico, tal como praticamente tudo o que envolve o The Passenger, tem uma história. Não teve um, mas sim dois arquitetos. O primeiro projeto ficou a cargo de Nuno Pinto Cardoso, que entre licenciamentos e autorizações para construção se mudou para o Algarve. Mais tarde, foi o arquiteto Armando Rui, da Nuclarq, que deu continuidade a este trabalho.
Burocracias à parte, o hostel abriu em género de soft-opening em julho de 2017 já que, tal como Rita revela à NiT, ainda existem projetos para um restaurante numa das laterais do edifício histórico de José Marques da Silva, inaugurado a 5 de outubro de 1916.
“Transformamos o espaço num hostel precisamente porque não queríamos afetar a estrutura original do edifício”, conta Rita.
Para já, o The Passenger conta com camas que podem acomodar até 120 pessoas, entre as 82 camas das oito camaratas e os restantes nove quartos, num espaço onde o pé direito pode atingir os seis metros de altura.
“Os andares são tão altos que em alguns deles tivemos de fazer mezzanine para dar uso ao espaço, se não ficaria com uma disposição um pouco estranha”, revela Rita.
O espaço está dividido em três pisos. No primeiro, encontra os quartos onde podem ficar entre duas a quatro pessoas e onde existe também uma sala privada. Os móveis destas áreas vieram de Itália, e são conversíveis para que durante o dia seja uma sala e, durante a noite, um quarto com camas extra. Todos medem cerca de 30 metros quadrados, no total. Existem ainda casas de banho, que são partilhadas.
“Transformamos o espaço num hostel precisamente porque não queríamos afetar a estrutura original do edifício. E por isso optámos por um hostel, precisamente porque só teremos casas de banho partilhadas”, diz a responsável pelo projeto.
Neste piso, há uma sala comum que só as pessoas dos quartos privativos podem utilizar. Também há uma pequena biblioteca, onde os livros que ocupam as várias prateleiras vão sendo deixados pelos hóspedes que visitam o The Passenger.
Subindo um andar, encontra as oito camaratas, sete delas onde existem dez camas, em beliche, e outra onde podem ficar até 12 pessoas. Neste piso existe também uma cozinha comum a todo o hostel.
Há ainda um outro espaço, uma cobertura que está a ser finalizada, mas que vai funcionar como um jardim de inverno. Vai ter a telha antiga do edifício toda à vista, mas não terá qualquer tipo de climatização.
Quanto à decoração de cada espaço, foi Rita que esteve por trás de todas as peças que vê no The Passenger. Como revela à NiT, algumas vieram de lojas vintage nacionais, outras vieram de Paris e ainda de fornecedores italianos.
“No fundo, quisemos arranjar forma de conjugar o melhor dos dois mundos”, explica. “O objetivo foi combinar a decoração do espaço com a história da estação e criar uma certa harmonia nestas salas onde os tetos estão todos trabalhados e têm um pé direito altíssimo.”
Quanto a preços, a estadia mínima é sempre de duas noites que custa, cada uma, entre 21€ e 27€ por cama em camarata. Já os quartos privados, para duas pessoas, podem custar entre 65€ e 70€, sempre com pequeno-almoço incluído.
Existem ainda dois quartos onde existe casa de banho privativa, com mais de 60 metros quadrados, e onde paga 120€ por noite, para duas pessoas.
As reservas podem ser feitas através do site do The Passenger, ou ligando para o 963 802 000.