Há quem goste tanto do sítio onde vive que não descansa enquanto não o mostra ao mundo nas redes sociais. E há quem, não contente com isso, se desdobre em soluções, criativas e incríveis para dar a conhecer, criar atividades, melhorar condições de visita e até de dormida com um único objetivo: divulgar a cultura e a história que tanto orgulho lhe traz.
Joana Soares tem apenas 21 anos e é gerente da Marinha da Noeirinha. O projeto turístico está na sua família há vários anos, e consiste essencialmente numa área na Ria de Aveiro, onde turistas visitam as marinhas de sal com guias — e também o SPA salínico, os armazéns e as lojas e atrações locais.
Tudo ali gira em volta do sal, com um passado ancestral. “A Marinha da Noeirinha é fruto da união de outras três marinhas vizinhas que, segundo os registos, davam-se pelo nome de Moeirinha, Balacosinha e Rata. Esta união foi-se dando ao longo dos seus 200 anos de existência”, explica-se no site da plataforma de experiências. “Pelo menos quatro famílias da nossa cidade foram proprietárias onde foi passando entre gerações ou em processos de venda, acabando por pertencer a uma família e posteriormente foi herdada, em partes iguais, por dois primos”.
Ali se explica também que a Noeirinha tem como principal objetivo trazer de volta a cultura da produção de sal artesanal de elevada qualidade e mostrá-la às pessoas. Vai poder “desfrutar do melhor que a natureza tem para oferecer, aproveitar para relaxar no nosso observatório, conhecer algumas das espécies de aves existentes em Aveiro ou mesmo dar um mergulho na nossa piscina de água salgada e natural”.
Assim como a zona de produção de sal, a piscina está diretamente ligada aos canais da ria de Aveiro. A sua água é naturalmente renovada com as subidas e descidas da maré. Ou seja, a água é limpa e natural.
Situada no grupo de São Roque, a Marinha ou Salina da Noeirinha fica numa das zonas mais ricas em história de Aveiro, a Beira Mar, e já tinha um enorme sucesso entre turistas e visitantes; mas a empresa familiar decidiu ir mais longe.
“Queríamos alargar a oferta turística da região de Aveiro e sobretudo fazer com que os nossos visitantes fiquem mais tempo connosco na Marinha da Noeirinha”, começa por contar Joana Soares.
“Como deve saber, o turista que Aveiro tem é o tipo que fica no máximo 2 ou 3 dias na cidade e vai embora. Ou simplesmente encontra-se alojado no Porto, vem passar o dia a Aveiro e regressa. Nós estivemos ligados ao ramo dos barcos moliceiros durante nove anos e sabemos ao certo do que o turista procura e sente falta na nossa cidade”, continua.
Tentando criar dormida acessível e enquadrada, inicialmente a empresa pensou em colocar bungalows na sua marinha, mas chegou à conclusão de que esse serviço já é comum, pelo que começou a procurar uma oferta diferente. “Começámos a pesquisar empresas que nos pudessem ajudar neste projeto único, falámos com uma empresa italiana, uma de Coimbra e a última de Vagos. E sendo do nosso distrito acabámos por optar por esta última, uma vez que adorámos o projeto desta empresa”.
Foi assim que se delineou o plano de levar casas-barco à Ria de Aveiro. “Achamos este projeto fundamental para a Noeirinha, uma vez que temos muitos visitantes que procuram algum sítio para ficar com a tranquilidade e a vista da nossa marinha”.
Os barcos estão atualmente em finalização, praticamente prontos para abrir. “É importante informar que estes barcos-casa são 100% sustentáveis, com painéis solares e uma estação de tratamento de águas residuais. Esta questão foi fundamental para nós , uma vez que desde o início do projeto da nossa marinha nos preocupámos com o meio ambiente”, destaca Joana.
Quem ali for dormir, sabe então que pode contar com mar, natureza e uma viagem ao passado e à história de uma arte ancestral. “A Noeirinha está aberta durante todo o ano e realiza visitas guiadas diariamente, dando a conhecer todo o processo e fabrico do sal e da flor de sal de Aveiro sempre na companhia de um marnoto (homem que produz o sal)”, conta-nos a gerente, destacando que a empresa tem ainda uma pérgola coberta na zona de lazer para a realização de festas de aniversário, despedidas de solteiro, eventos privados, batizados ou casamentos.
Na época de verão, é então aberta a zona de banhos onde a água é renovada com a subida e descida das marés, sem correntes e com um areal enorme. ´”É o lugar perfeito para passar um dia em família”, destaca Joana.
As águas e argilas desta zona são ricas em vários nutrientes e minerais benéficos para a circulação sanguínea, hidratação da pele e é indicado para pessoas com acne, alergias, psoríase e problemas de articulações. Os visitantes podem assim usufruir do spa salínico, sendo que, “ao relaxar nas águas carregadas de sal, estão a fazer um tratamento 100% natural à sua pele, uma vez que o sal tem poderes cicatrizantes e antisséticos”.
Voltando aos barcos-casa, eles estão a ser confecionados especificamente para a Noeirinha, “uma vez que o modelo que se encontrará na nossa marinha acabou de ser desenhado no mês passado”.
Cada embarcação terá dois quartos com casa de banho privativa, uma sala de estar com kitchenette e uma escada com acesso ao terraço com vista panorâmica sobre as marinhas de sal, a cidade de Aveiro, a zona de lazer e com vista para os flamingos e todas as aves que se encontram dentro das marinhas.
Cada barco tem capacidade para duas ou quatro pessoas, mas a empresa pretende agilizar para seis pessoas (por exemplo quatro adultos e duas crianças).
“É uma oportunidade única para quem quer relaxar fora da confusão do dia a dia, no meio da natureza, a possibilidade de acordar com os passarinhos (ou flamingos), ou simplesmente acordar e desfrutar de uns bons banhos de sol numa praia com uma vista única”, diz-nos a gerente.
“Achamos que é um projeto inovador e com futuro, visto estar situado perto do centro da cidade de Aveiro mas fora da confusão, com uma vista única para as salinas e ria de Aveiro, porque Aveiro não deve ser conhecida apenas pelos barcos moliceiros … Aveiro tem muito mais para oferecer e esta é uma dessas experiências”.
Todas as estadias têm direito a uma receção com espumante e ovos moles, as noites numa casa-barco, pequeno-almoço e acesso a atividades sazonais como zona de banhos ou spa salínico, entre outros.
Os barcos-casa com capacidade para duas pessoas vão custar 180€ por noite, entre janeiro e maio e outubro a dezembro e 250€ na época alta, ou seja de junho a setembro.
Os alojamentos para quatro pessoas custam respetivamente 250€ e 350€. Em ambos os casos, os miúdos até aos cinco anos não pagam. As reservas já podem ser feitas através do email hello@nullnoeirinha.pt ou do número de telefone 963 300 535. Os dois primeiros barcos chegam e abrem em maio e os dois últimos em junho.
Mais tarde, a empresa planeia criar também pacotes com refeições ou visitas incluídas.