Já são conhecidas as recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS) para a reabertura das creches, que pode ter lugar a partir do dia 18 de maio. Apesar de não haver ainda uma decisão final sobre as medidas a implementar — essa responsabilidade cabe ao governo —, a Associação de Profissionais de Educação de Infância (APEI) já veio contestar as medidas e defende “melhores soluções”.
Entre as recomendações apresentadas pela DGS na sexta-feira, dia 8 de maio, contam-se, por exemplo, o distanciamento entre crianças nas pausas e espaços de refeição; mesas de trabalho orientadas no mesmo sentido, ao invés do formato rectangular ou em “U”; uso de máscara cirúrgica pelos profissionais e pelas crianças com mais de seis anos; bem como a impossibilidade de partilhar material didático ou brinquedos.
POSIÇÃO DA APEI SOBRE A REABERTURA DAS CRECHES A 18 DE MAIOA APEI tem consciência do caráter absolutamente excecional…
Publicado por APEI Associação de Profissionais de Educação Infância em Domingo, 10 de maio de 2020
Segundo defende a associação, estas recomendações lesam “o desenvolvimento das crianças” e revelam um “desconhecimento sobre a realidade do trabalho educativo”.
“Manter uma distância física de dois metros entre cada criança e impedir que possam interagir entre si, evitar o toque em superfícies, dispor mesas em linha ou crianças colocadas de costas umas para as outras, evitar a partilha de brinquedos e outros objetos, ter adultos de referência (educadoras e auxiliares), com os quais as crianças mantêm vínculos profundos, a usar máscaras, são medidas reveladoras de um desconhecimento sobre a realidade do trabalho educativo em creche e sobre o desenvolvimento das crianças com menos de três anos”, alerta a APEI em comunicado.
Além de serem “profundamente perturbadoras”, de acordo com a APEI, estas medidas representam também uma “violência contra as crianças”.
“Pegar ao colo, olhar nos olhos e deixar que a criança crie empatia através da expressão facial, falar perto da sua cara e acariciar o seu rosto são afetos que constroem e cimentam as interações e o vínculo entre criança e educador/cuidador. Impedir estas manifestações de afeto ou artificializá-las, com máscaras e distância física, é violentar a relação”, indica a associação.
O comunicado não apresenta soluções para este problema, mas afirma que a associação está a promover uma reflexão para preparar um documento sobre esta matéria.
Já Susana Baptista, presidente da Associação de Creches e Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular, prestou declarações à “Renascença” afirmando que, “não é pedagogicamente correto dizermos a uma criança ‘não partilhes o brinquedo com o amigo'”.
A reabertura de creches com opção de apoio à família está prevista para o dia 18 de maio, já as restantes creches, ensino pré-escolar e ATL irão reabrir no dia 1 de junho.