Foi em abril que uma sociedade privada adquiriu a Vila Dias, no Beato, há muito conhecida pela sua degradação. Esta história remonta a 1888, quando foram construídas 160 casas para os funcionários que trabalhavam nas fábricas de Xabregas. Quase 130 anos depois, os prédios estão degradados, há casas devolutas, mas continuam a viver ali pessoas. Em 2014, houve até quem lhe chamasse as “barracas do século XXI”. Felizmente, vai deixar de ser assim.
“Jamais vamos destruir seja o que for”, disse ao jornal “Público” José Morais Rocha, da Sociedade Vila Dias (SVD). Também garantem que não vão aumentar os preços das rendas, uma vez que estão conscientes das condições económicas de quem vive na Vila do Beato. Por isso mesmo, o retorno vai ser demorado — até porque há quem pague rendas de 50€, e quem não pague nada.
“Sabemos que algumas pessoas não vão conseguir pagar tudo de uma vez, mas queremos tornar estas contas transparentes.”
Das 160 casas da vila operária lisboeta, os promotores estimam que aproximadamente 40 estejam devolutas. São estas que a SVD quer ver recuperadas, para receber novos inquilinos. O foco são os jovens, por isso é necessário praticar preços “à medida dos estudantes”. O patamar máximo foi fixado nos 300€ por habitação, uma vez que é este o valor praticado pelo programa de Renda Acessível da Câmara de Lisboa.
A SVD tenciona investir cinco milhões de euros na reabilitação da Vila Dias. Não haverá demolições, muito pelo contrário — eles querem preservar a traça histórica dos edifícios. Antes do projeto dar entrada na Câmara Municipal de Lisboa, porém, os promotores do projeto querem começar “com as pequenas reparações mais urgentes”.
Para já ainda não se sabe quando começarão as obras.