A notícia veio na quinta-feira, 31 de outubro: a Agência Portuguesa do Ambiente emitiu uma declaração de impacto ambiental favorável à construção do novo aeroporto no Montijo. No entanto, o mesmo documento impunha uma série de condições obrigatórias, que poderão custar cerca de 48 milhões de euros à ANA Aeroportos de Portugal.
Entre as medidas propostas estão fundos entre 15 a 20 milhões de euros para reforçar o isolamento de vários edifícios públicos e privados naquela zona. Além disso, estão previstos dez milhões de euros para a compra de dois barcos para a Transtejo reforçar o transporte de passageiros para Lisboa.
Em cima da mesa estão ainda propostas para compensar os habitats de várias aves, entre outras iniciativas para reduzir o impacto ambiental naquela zona. Também não poderão haver voos durante toda a noite, entre as 23 horas ou meia-noite e as seis ou sete horas da manhã.
Um dia depois, um grupo de cientistas decidiu expressar-se sobre a iminente construção do novo aeroporto — e a posição não é positiva.
Risco de inundações por subida da água do mar, por tsunami, perigo de sismo e aumento de emissões de gases por efeito de estufa são as falhas graves apontadas por onze cientistas universitários.
Estes anunciaram na sexta-feira, 1 de novembro, uma contestação ao Estudo de Impacte Ambiental frisando que, durante a discussão pública, reclamaram a rejeição e não aprovação do estudo, devido a “quatro graves falhas”.
Segundo a Lusa, citada pelo “Eco“, o risco de inundação devido à subida do nível médio do mar, a perigosidade sísmica, a suscetibilidade a inundação por tsunami e o aumento das emissões dos gases de efeito estufa da aviação foram os quatro problemas apontados pelos cientistas, identificados e fundamentados com base no conhecimento e convicção científica, no sentido de permitir “a correta e adequada avaliação de risco” do projeto do aeroporto complementar do Montijo e respetivas acessibilidades.
Já na quinta-feira, 31, depois da aprovação da declaração positiva da APA, a associação ambientalista Zero lamentou ao jornal “Observador” a “decisão expetável e já anunciada num processo não conforme e com lacunas graves”. A associação disse que vai apresentar queixa à Inspeção-Geral do Ambiente e à Comissão Europeia.