Segunda-feira, 13 horas. Saí da reunião de edição com uma missão: durante uma semana, teria de recusar todos os artigos em plástico que me fossem apresentados em qualquer situação de consumo ou solicitar uma alternativa.
No mesmo dia, fui a um restaurante que também tem serviço de take away. Pedi para levar, acrescentando que não queria usar uma embalagem de plástico. Com a caixa na mão, a senhora olhou-me, questionando-se, numa expressão que demonstrava concordância mas sabendo, igualmente, não ter outra opção. Perguntei se poderia ir a casa buscar uma embalagem. Afirmou de imediato que sim. Primeiro obstáculo contornado. Não era exatamente este o objetivo mas percebi que, apesar de não terem opções, existia flexibilidade.
Durante a semana, visitei vários supermercados: Pão de Açúcar das Amoreiras, Lidl de Alcabideche, Jumbo de Alfragide, Continente de Oeiras, Aldi de Telheiras, Mercado de Alvalade, sempre com a mesma lista de compras: fruta fresca, legumes, leite vegetal e leite de vaca (250 ml), cereais integrais, ovos frescos e algum tipo de iogurte (vegetal ou animal), frutos secos, algum tipo de proteína animal (carne ou peixe), massa, arroz ou leguminosas. Conclusão? Vivemos rodeados de plástico e sem grandes alternativas.
No geral, os supermercados apresentam os legumes e a fruta embalados. Se pensarmos nos produtos biológicos, é muito raro encontrar opções a granel. No Pão de Açúcar das Amoreiras verifiquei uma diferença de 10 cêntimos no preço entre o kiwi a granel e o kiwi embalado, sendo o kiwi a granel mais caro do que o mesmo produto, do mesmo produtor, já numa caixa de plástico. Em relação aos frutos vermelhos (framboesas e mirtilos) não há opção: mesmo nos mercados de rua são vendidos em caixas de plástico não reutilizáveis.
Foram poucos os produtos da lista que consegui comprar e, em vez de solicitar alternativas como fiz no restaurante, vi-me confrontada com a falta delas. No Lidl ou no Aldi, a maçã Royal Gala está embalada, devidamente identificada como a Maçã de Alcobaça. Gosto de bananas biológicas — também nestes supermercados estão embaladas. Encontrei abacate a granel, cebola e alho, batatas e batata doce, brócolos, alho francês, curgete. Já a abóbora, incluindo a abóbora menina (cuja dimensão e casca dispensam qualquer embalagem) está, na maior parte dos casos, embrulhada em plástico ou numa embalagem de rede, também de plástico.
Espinafres, rúcula, alface e agrião ficaram de fora porque se vendem em sacos plásticos e só nos mercados de rua, como o mercado biológico do Príncipe Real, os encontramos a granel. Também não há, nos locais que visitei, qualquer alternativa às embalagens cartonadas para o leite. Tenho uma filha com 10 anos que leva o lanche de casa para a escola, o qual inclui um pacote de leite de 250 ml, cereais, fruta e pão, bolachas e outras opções que se vendem em embalagens de plástico. Se consegui substituir os cereais, a fruta e o pão, fiquei sem qualquer opção para o leite. Ainda que me ocorresse produzir leite de amêndoa — e garanto que ocorreu, mesmo sabendo que ela não o iria beber — e que tivesse como transportá-lo, não tinha, contudo, como conservá-lo depois. Nas escolas, a partir do momento em que ganham autonomia, não existem frigoríficos para guardar o lanche dos alunos.
No fim de semana, já com o desafio a chegar ao fim, fui ao mercado de Alvalade. Encontrei kiwi em embalagens, juntamente com couves de Bruxelas e cebolas nas embalagens de rede, frutos vermelhos em caixas de plástico e uma mistura à qual chamam salada fresca, também embalada. Qualquer produto a granel é entregue ao consumidor num saco de plástico.
Na peixaria não existem opções: sacos de plástico para embalar, cuvetes de plástico para guardar e mais um saco de plástico para transportar. Solução? Levar uma embalagem de casa, tal como podemos fazer no talho do Alcides, que visitei e com o qual conversei. Questionado sobre as embalagens, não hesitou em afirmar que já poderíamos tê-las substituído há muito tempo e que, me colocaria a carne nas minhas embalagens, acrescentando que já tem alguns clientes que habitualmente o fazem. Voltamos assim ao início do texto: a mudança está a acontecer, estamos despertos para o problema que o plástico representa na nossa vida. Agora falta apenas dar o próximo passo e, além de recusar, encontrar alternativas para fazer compras sem embalagens de plástico.