“Nenhuma cidade está segura; em todo o mundo se enfrentam os riscos climáticos”: a frase resume as conclusões de um novo estudo da Carbon Disclosure Project (CDP), uma organização não governamental britânica que analisou os impactos das alterações climáticas nas cidades mundiais. E concluiu que estas já se fazem sentir, hoje em dia, na grande maioria das áreas urbanas — Portugal também lá está.
Lisboa, Porto, Braga, Cascais, Torres Vedras, Ovar e Guimarães são algumas das cidades portuguesas que estão já a sentir os efeitos ou riscos das mudanças no clima, revela o estudo Cidades em Risco, divulgado esta terça-feira, 22 de outubro.
Os dados são de 2018 e referem-se a 620 cidades. Destas, quais 530 relataram situações associadas às alterações do ambiente e clima. São 517 milhões de pessoas afetadas por riscos relacionados com fenómenos como inundações, calor extremo e secas, além de problemas sociais a estes ligados: mais doenças, mais procura de serviços de saúde, dificuldades para populações mais vulneráveis.
Na página do estudo, explica-se que o CDP solicitou às cidades que divulgassem os seus possíveis riscos climáticos e a gravidade esperada de problemas. Usando esses dados, cada cidade recebeu uma ‘pontuação de perigo’, calculada multiplicando o número de riscos relatados, pela gravidade relatada.
No mapa final que expressa os riscos, e que pode ser consultado online, quanto mais escura no tom rosa a cidade maior a pontuação de perigo, explica a organização. No entanto, a mesma destaca: “isso indica que uma cidade pode estar em alto risco, mas também demonstra que essa cidade está a medir completamente seus riscos e, portanto, está em melhor posição para geri-los”.
No mapa, olhando para as cidades portuguesas, vemos riscos relatados como vagas de calor, seca, possibilidade de subida de rios, fogos florestais, entre outros.
O estudo acrescenta que apenas 336 das cidades avaliadas, pouco mais de metade, está endereçar o problema, a estudar as suas vulnerabilidades e a calcular a capacidade de resposta aos riscos.
“70 por cento das cidades globais já estão a sentir os impactos das mudanças climáticas, que, sem controle, sujeitarão as populações a riscos e sofrimentos incalculáveis, empurrarão os serviços já em dificuldades e prejudicarão os esforços do governo da cidade para proteger seus interesses”, resume o documento.
Até 2050 oito vezes mais moradores das cidades estarão expostos a temperaturas elevadas e mais 800 milhões de pessoas podem estar em risco devido à subida das marés e a tempestades, acrescenta.