São 9h56 quando entramos no centro da Lourinhã, mais precisamente numa rotunda com dinossauros em ferro e cobre. Logo a seguir, numa segunda via circular, está o primeiro dinossauro do parque. Numa inscrição em pedra assente na relva lê-se: “Capital dos Dinossauros”.
Há mais de duas décadas que se pensava em abrir um parque de dinossauros na Lourinhã. Não é por acaso: desde 2004 que o concelho é conhecido como a Capital dos Dinossauros portuguesa, um título que surgiu na sequência da riqueza de vestígios jurássicos encontrados na região.
Realizar um projeto como o Dino Parque – Parque dos Dinossauros da Lourinhã fazia todo o sentido. Com todos os avanços e retrocessos na ideia, porém, já ninguém acreditava que isto viesse mesmo a acontecer. A PDL – Parque de Dinossauros da Lourinhã, empresa promotora do parque, mudou o rumo da história. E tornou o sonho possível. Agora que o parque tem 121 dinossauros e que até há uma data para a abertura — fevereiro de 2018 —, está toda a gente entusiasmada. Tanto que até aparecem por lá para tentar espreitar os animais.
São 10h04 quando passamos a rotunda final e entramos numa estrada alcatroada. Estas obras foram feitas especificamente para o Dino Parque — Parque dos Dinossauros da Lourinhã, que fica a apenas 30 metros do local. Depois de uma descida a pique, vemos o primeiro dinossauro.
Chegámos ao Dino Parque.
Um laboratório, caças ao tesouro e quatro circuitos diferentes
Depois do anúncio da intenção de abrir um parque de dinossauros, no final do ano passado, o Jurassic Park versão Lourinhã está em pleno andamento. O parque temático vai ocupar, numa primeira fase, dez de 30 hectares do terreno. No local vai encontrar os dinossauros, claro, mas também o museu — o espólio palentólogo vai sair do Museu da Lourinhã para aqui —, uma loja e um laboratório nos quais poderá ver como é feita a preparação de fósseis.
“É objetivo da empresa também contribuir para investigação“, explica à NiT Luís Rocha, diretor-geral do Dino Parque. “Queremos ter um papel ativo na educação e entretenimento. Gosto de dizer que o nosso principal objetivo é vender felicidade aos miúdos através dos dinossauros. Mas não de forma gratuita, onde se põe os animais todos sem critério científico, como aconteceu com algumas exposições que já se fizeram em Portugal.”
“Gosto de dizer que o nosso principal objetivo é vender felicidade aos miúdos através dos dinossauros”, diz à NiT Luís Rocha, diretor-geral do Dino Parque.
Tanto os mais novos como os mais velhos vão poder desfrutar de diversas atividades ligadas à ciência: recuperação e pesquisa de fósseis, caça ao tesouro, escavações de dinossauros, pintura dos mesmos, entre outras tantas.
A magia acontece lá fora, num parque ao ar livre onde vai ser possível passear pelos terrenos enquanto se cruza com diferentes espécies. Vai haver quatro percursos distintos que correspondem a quatro diferentes períodos da era na qual os dinossauros viveram: o período Devoniano, Triássico, Jurássico e Cretáceo. Assim, será possível observar os mais famosos tipos de dinossauros, como o Triceratops, Iguanodon e, claro, sem esquecer o mais perigoso e conhecido, Tyrannosaurus Rex.
Este projeto vai resultar de um investimento de quatro milhões de euros que inclui a construção de um edifício onde estarão expostos alguns achados paleontológicos.
A história dos dinossauros na região
“O primeiro fóssil de dinossauro a ser descoberto em Portugal foi há mais de 150 anos, por Carlos Ribeiro, aqui na Lourinhã. Mais tarde, já no final do século passado, são os meus pais [Isabel e Horácio Mateus] que começam a redescobrir os fósseis”, explica à NiT Simão Mateus, diretor científico e curador paleontólogo do parque.
Foram eles os fundadores do Museu da Lourinhã. Atualmente, tanto Simão como o irmão Octávio colaboram com o espaço. Mais uma curiosidade: o Lourinhanosaurus, o símbolo atual da Lourinhã e do museu, e que valeu à região o título de Capital dos Dinossauros, foi descoberto pela mãe de Simão e pela irmã.
“Ela tinha quatro anos e ajudou a descobrir uma casquinha, do tamanho de meia unha do dedo mindinho. É quase como quando cortamos a unha e ela salta para o chão e não a conseguimos encontrar. É pouco maior do que isso, a espessura é mais ou menos a mesma. Isto no meio de um campo onde não se esperavam ver fósseis.” A descoberta aconteceu na praia de Paimogo, a praia mais a norte do concelho da Lourinhã.
Carregue na imagem para fazer uma visita guiada ao Dino Parque.