“Façam férias de verão cá dentro”, recomendava há poucas semanas o primeiro-ministro António Costa, aos portugueses. Os motivos são muitos e claros: o setor turístico e a economia portuguesa precisam de investimento; ir para fora continua rodeado de incertezas e levanta questões e dúvidas a muitos; e em plena pandemia, quanto mais perto estiver de casa melhor consegue gerir uma situação em que tudo pode rapidamente mudar — o passado recente assim o provou.
“É cá dentro”, é também o novo mote e slogan da Estrada Nacional 2. E isto no ano em que completa o seu 75º aniversário, aquela que é a estrada mais emblemática do País, conhecida como Route 66 portuguesa — centenas de quilómetros que atravessam o País de norte a sul, passando por 35 municípios e diferentes realidades, por várias geografias, paisagens e até climas. Quem a faz no interior de cidades, parques naturais, povoações semi abandonadas, termas e igrejas, praias do Algarve, planícies alentejanas e vinhas do Douro.
A histórica Estrada Nacional 2 atravessa ainda quatro serras, 11 distritos e 11 rios. São no total 739,26 quilómetros que ligam Chaves a Faro, tornando–a, de entre as vias com as suas características, na mais longa de Portugal e da Europa; e na terceira maior do mundo, a seguir à Route 66 dos EUA e à Ruta 40 da Argentina.
Depois de anos a ser apelidada precisamente como Route 66 portuguesa esta estrada, outrora com partes e marcos abandonados tem, nos últimos anos caminhado para se tornar num ícone turístico à escala mundial, para o qual tem aliás todo o potencial: com guias, mapas, marcos, imagem própria e promoção internacional.
Agora, a Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2 (Amren2), tem colocado actualizações constantes no seu Facebook, precisamente para lembrar às pessoas que a estrada é “cá dentro”; é, também, algo que literalmente “nos une”; está no seu 75º ano de vida; e é ainda uma boa opção para estas férias: pode ir em família, num carro ou autocaravana, escolhendo locais com medidas e selos se segurança se precisar de pernoitar, e passar uns dias diferentes porém isolado, na aventura da descoberta.
A página da associação tem também colocado recados de autarcas dos diferentes municípios, bem como viajantes e personalidades, sobre o aniversário e sobre os seus locais preferidos da estrada; e ainda destacado em vídeo alguns pontos importantes, divididos por concelhos, que não pode perder durante o percurso.
Muitos viajantes já fazem a estrada em parte ou no seu todo, mas a ideia agora e no futuro próximo é que as pessoas que façam o caminho histórico tenham a mesma sinalização em todos os concelhos, as mesmas indicações e informação sobre os locais, a rota, onde comer e onde ficar.
Em 2018 deu-se um grande passo neste sentido, ao ser criado o “Passaporte EN2”. O documento é uma edição da Amren2 e pretende incentivar turistas nacionais e estrangeiros a percorrer a estrada. Foi posto à venda nos postos de turismo e câmaras municipais dos municípios aderentes, ou através do e-mail geral@nullrotan2.pt.
Recentemente chegou uma app, criada por estudantes portugueses. Um grupo de estudantes da Universidade de Coimbra, pertencentes à Licenciatura em Engenharia Informática, entrou em contacto com a Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2 e desenvolveu uma aplicação sobre a N2 com finalidade académica.
O objetivo desta aplicação, totalmente gratuita, é também o de dinamizar a Rota da Estrada Nacional 2, associando o conteúdo existente e complementando-o com novas ideias, como por exemplo o passaporte digital. O que quer dizer que passa a poder “carimbar” digitalmente os municípios atravessados na rota, assim como a encontrar informações úteis sobre a mesma, à distância de uma app. A aplicação está disponível desde o início de janeiro e não tem qualquer custo para o utilizador. Pode ser encontrada na playstore, e depois de instalada os QRCodes’s estão disponíveis nos locais indicados ao longo da Estrada Nacional 2.
A estrada começou a construída em finais do século XIX e foi classificada em 1945, mas várias partes já seriam passagens romanas antes do século XIX. Os troços foram sendo melhorados até se criar a EN2 e há um que é mesmo protegido: a parte que liga Almodôvar a São Brás de Alportel foi classificada como Estrada Património em 2003, por reconhecimento do valor histórico da via e património envolvente.
Tecnicamente, faz-se de norte a sul: o quilómetro zero é em Chaves. No seu início visita-se, além de Chaves e do Parque Natural de Vidago, Vila Real e o Alto Douro vinhateiro. Segue-se para Lamego, Castro Daire, Viseu, Tondela, Santa Comba Dão.
E chegam-se às paisagens verdes de Penacova, Vila Nova de Poiares, Vila Nova do Ceira, Góis. Depois, ainda há concelhos como Pedrógão Pequeno, Sertã, Abrantes, Montemor, Aljustrel, até chegar ao Algarve e à sua paisagem completamente distinta do ponto de partida.
As cidades de partida e chegada da estrada já chegaram a revelar interesse em criar dois museus, um em cada ponta, para dar a conhecer a sua história.
Mas para já, tudo indica que é em São Brás de Alportel que se vai criar o primeiro centro de interpretação da EN2. Em 2020, a estrada faz oficialmente 75 anos.
Há várias maneiras de a percorrer: de carro, moto, até de bicicleta. Se quiser alugar uma autocaravana, poderá recorrer a empresas como a Indie Campers, Campervan Portugal ou a Campilider. Pode também usar o novo serviço de aluguer de autocaravanas entre particulares, Yescapa, uma espécie de Airbnb destes veículos.
Recentemente, a momondo, plataforma de pesquisas que compara preços de voos, hotéis e carros de aluguer, criou um roteiro pela incrível EN2, de autocaravana, durante nove dias.
Carregue na galeria para conhecer tudo o que não pode perder em cada paragem da EN2, segundo o motor de pesquisa de viagens.