Menos carros na Baixa de Lisboa é sinónimo de menos poluição. Quanto a isso não há dúvidas. O problema é que menos carros significa também menos pessoas e, asseguram os comerciantes locais, isso vai ser mau para o negócio. A Associação de Dinamização da Baixa Pombalina mostra-se preocupada com o impacto negativo da medida anunciada recentemente por Fernando Medina e aponta o dedo à falta de planificação das alterações que vão entrar em vigor a partir do verão.
Em declarações à Lusa, citada pelo jornal “Eco”, o presidente desta associação diz que os comerciantes “estão muito preocupados”. “Gostamos, todos nós, de ter de facto menos carros, mas também gostamos que os nossos estabelecimentos continuem a produzir vendas ao final de cada dia e de cada mês”, explica Manuel Lopes.
Recorde-se que, a Zona de Emissões Reduzidas Avenida Baixa Chiado (ZER ABC) deverá estar totalmente em vigor em agosto. Estende-se do Rossio à Praça do Comércio e da Rua do Alecrim à Rua da Madalena. Em toda esta área, só poderão circular veículos autorizados, entre as 6h30 e a meia-noite.
O presidente da associação exolica à Lusa que os comerciantes não estão contra “medidas que possam eventualmente evitar as poluições”, mas frisa que “não é menos verdade de que há outras zonas da […] cidade que estão poluídas ou mais poluídas do que a Baixa Pombalina”. Manuel Lopes diz ainda que os comerciantes têm também receios relativos à eficácia dos transportes públicos e a questões de segurança. “Falando de insegurança, é uma ideia que está a criar raízes dentro de nós, porque o espaço é muito grande e, retirando automóveis, vamos retirar com certeza pessoas daqui da nossa Baixa”, afirma.
Outra das medidas que está a ser contestada em relação à implementação da ZER ABC é a regra das 10 visitas. Por mês, os moradores só poderão receber 10 visitas que se desloquem de carro — entre amigos, família, serviços de entrega ou reparações — e, para isso, terão de ter sido fabricados depois de janeiro de 2000 ou, no caso dos pesados, com uma data posterior a outubro do mesmo ano.
Os “convites” serão concedidos através de uma app ou por telefone, onde os moradores terão de indicar previamente a matrícula do veículo em questão.