O Partido das Pessoas, dos Animais e da Natureza (PAN) teve a sua primeira conquista no que toca às atividades tauromáquicas. Neste caso trata-se da aprovação de um pedido feito à Câmara Municipal de Lisboa, em que o partido pedia que a realização de corridas de touros no Campo Pequeno deixasse de ser obrigatória.
A proposta foi feita há dois meses pelo Grupo Municipal do partido ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina. Tudo aconteceu no debate “O Futuro do Campo Pequeno”, na Assembleia Municipal da cidade, onde se falou da gestão confusa do terreno e do edifício. Também foram mencionadas questões como o sofrimento animal, que está diretamente ligado às corridas de touros.
Agora, o presidente Fernando Medina aprovou o pedido e enviou uma carta à Casa Pia (que atualmente possui o terreno onde está o Campo Pequeno), onde desobriga (ou seja, livra da obrigação) a realização de corridas na Praça de Touros do edifício.
Na carta em questão é possível ler-se “para deixar claro, que a Casa Pia de Lisboa tem a mais ampla liberdade na decisão quanto à atividade a realizar no recinto em causa (…), sendo certo que a realização de espetáculos tauromáquicos nunca será para o Município de Lisboa condição de manutenção da concessão“.
Inês de Sousa Real, deputada municipal do PAN, explica a novidade: “Com esta grande conquista, acreditamos que a Casa Pia possa agora prosseguir com a sua atividade reconvertendo este espaço e ali realizar outros eventos e espetáculos que não envolvam atividades que promovam o sofrimento animal. A Casa Pia é uma instituição benemérita que tem por missão proteger os direitos de crianças e jovens, direitos que não estão a ser protegidos com a realização de touradas naquele espaço e esta atividade em nada vai ao encontro dos valores que devem marcar esta instituição.”
O terreno do Campo Pequeno foi cedido pela CML à Casa Pia para a realização de espetáculos tauromáquicos, com a condição de o terreno voltar para a posse da CML caso a finalidade do terreno fosse outra ou caso o terreno fosse cedido pela Casa Pia a outra entidade, o que já aconteceu por duas vezes: a Casa Pia cedeu os direitos do terreno à empresa Tauromáquica Lisbonense, e mais tarde à Sociedade de Renovação Urbana do Campo Pequeno (SRUCP, S.A.), sociedade entretanto já dissolvida e com uma dívida que ascende aos 90 milhões de euros, mas que continua a exercer atividade e a organizar corridas de touros.
Em julho do ano passado foi feita uma recomendação semelhante por parte do PAN, que foi reprovada pela Assembleia Municipal. Sugeriu-se que a Câmara Municipal de Lisboa esclarecesse à Casa Pia (e à sociedade, no geral), de que não há nenhum tipo de obrigação para que ocorressem touradas, e que as mesmas deviam acabar.
O partido também tem vindo a relembrar que Portugal devia seguir a recomendação dada pela ONU de afastar as crianças e jovens da violência da tauromaquia.