Na lista dos pesadelos de uma boa parte da população estará certamente o item “montar um móvel do Ikea”. Mas as insónias poderão surgir com ainda mais intensidade quando souberem que a marca sueca está a desenvolver, através do seu laboratório de experiências, uma casa inteira, que lhes pode chegar às mãos (quase) em 2D. Desafios da montagem à parte, este é um sonho para quem sofre com a luta do arrendamento ou compra de casa, embora seja um pequeno espaço e com funcionalidade limitada.
Esta casa montável resultou de um desafio lançado pela Ikea a duas estudantes dinamarquesas, no âmbito do seu programa de investigação e experiências, Space10. O objetivo era criarem uma estrutura simples e o mais barata possível, utilizando poucos materiais, na qual as famílias pudessem levar uma vida normal. Além disto, esta deveria ser universal, isto é, adaptável ao estilo e modo de vida de qualquer pessoa e ao espaço onde fosse colocada — seja na floresta Amazónia ou no meio dos milhares de prédios na China.
Durante seis meses, Johanne Holm-Jensen e Mia Behrens tornaram o Space10 —um laboratório onde são pensadas melhores e mais sustentáveis formas de viver — na sua própria casa, enquanto construíam outra. Ao projeto final deram o nome de “Building Blocks”, uma pequena habitação que cumpre todos os requisitos da gigante sueca, a sua linha de estilo e que claro, se monta, em blocos, como um móvel.
A casa como está idealizada neste momento deverá custar cerca de 192 dólares por metro quadrado a erguer (o equivalente a cerca de 168€) ou 9.400 dólares na totalidade (cerca de 8.225€). Apesar deste valor para os 49 metros quadrados totais, a estrutura, quando oficialmente lançada — ainda não existem estimativas de datas para que isto aconteça —, pode ser adaptável a cada pessoa.
O projeto destina-se a ser feito para download do público, não se sabe se será propriamente comercializado. Na imprensa especializada estrangeira, refere-se que a casa pode ser utilizada como qualquer coisa desde casa de apoio ou pequeno alojamento e que, quando a planta for divulgada, ela poderá ser utilizada livremente por qualquer pessoa para usar, modificar ou compartilhar.
Tudo está à vista nesta casa pré-fabricada. De modo a tornar a montagem mais simples e intuitiva, as criadoras decidiram deixar, desde as colunas de sustentação às vigas por baixo do solo, expostas. As dinamarquesas optaram ainda por utilizar apenas um material, a madeira contraplacada. De resto, e desde que seguindo a planta, podem ser feitas várias adaptações ao montar.
No entanto, as arquitetas revelaram ao “Medium“, que ainda enfrentam um problema significativo: a água. Tendo em conta que a madeira contraplacada não é resistente, os construtores tiveram de usar alcatrão para cobrir a superfície exterior. As jovens esperam, deste modo, que sejam entretanto desenvolvidas soluções mais sustentáveis, acessíveis e duradouras do que o alcatrão, para aperfeiçoar o projeto — o que o deverá, também, encarecer.