Entre a próxima quarta-feira, 24 de abril, e a quarta-feira seguinte, 1 de maio, o OCUBO vai apresentar um novo espetáculo de videomapping no Terreiro do Paço, em Lisboa. O evento, de entrada livre, acontece às 21 horas no primeiro dia. Depois passa a haver três espetáculos diários, às 21, 21h30 e 22 horas. Cada sessão dura cerca de 20 minutos. A NiT esteve no atelier OCUBO para assistir à preparação desta produção inédita.
Visitámos o espaço na quarta-feira, 17 de abril. Maria Inês, artista multimédia d’OCUBO, ainda estava a terminar os últimos pormenores do vídeo no seu computador. “Tem de estar pronto entre hoje e amanhã”, explica à NiT.
As montagens do equipamento no Terreiro do Paço começam esta sexta-feira, 19 de abril. E os ensaios são na segunda (22) e terça-feira (23) à noite, as vésperas da estreia.
Na sala, estreita e comprida, estão outros dez artistas totalmente concentrados nos respetivos computadores. A maioria vem das áreas do 3D e do cinema. Maria Inês explica como surgiu o projeto: há cinco anos, o OCUBO, conhecido sobretudo por organizar o LUMINA, em Cascais, criou um projeto de dez minutos para o 25 de abril no Terreiro do Paço. Este ano, a Câmara Municipal de Lisboa propôs que a iniciativa fosse reposta, pelo que o estúdio decidiu fazer um novo filme, desta vez de maior duração.
A abordagem também será diferente. O novo espetáculo de videomapping será dividido em três partes: na primeira, vai ser mostrado o período que antecedeu o 25 de abril, assinalando a censura e a PIDE; na segunda, o próprio dia da revolução; e por fim, o pós 25 de abril, com várias celebrações.
O momento é inédito por outro motivo: será permitido pela primeira vez projetar nas três fachadas da Praça do Comércio do Terreiro do Paço. No primeiro dia, a torre da esquerda não terá projeção por causa do palco montado para o concerto de Fausto. Mas nos restantes dias, todas as fachadas serão utilizadas.
Para chegar ao produto final, o OCUBO teve o apoio da escritora Dulce Maria Cardoso, que construiu os textos que vão ser ouvidos e que foram lidos, e gravados, por atores. Mais tarde, filmaram os figurantes que interpretam as personagens. “Temos três camadas de cada personagem”, explica Maria Inês.
A música é outro dos novos elementos. “Lançámos o desafio ao Pedro da Silva Martins e ao Luís José Martins, músicos dos Deolinda, para comporem uma música de 20 minutos, que é o tempo do espetáculo”, continua a responsável. A peça final é acompanhada por esta banda sonora na sua totalidade, sendo que a música não é cantada mas tem vocalizações.
No final haverá uma música icónica. “Pensámos introduzir uma nova música. Mas o 25 de abril já está tão bem representado com as músicas da altura”, explica Maria Inês.
Ainda assim, o tal tema surpresa não será ouvido na sua versão original. “Gravámos a voz de um grupo de alunos dos três aos seis anos. Também os filmámos a dançar e a cantar para aparecerem no fim do filme”.
Carregue na galeria para ver as fotografias das gravações do espetáculo “Memórias de Abril”, partilhadas com a NiT pel’OCUBO.