Viva, caros assíduos leitores desta crónica, ao contrário de mim que, volta e meia, me atraso. Nunca percebi essa expressão uma vez que se dermos uma volta e meia ficamos virados para trás. Enfim, sabedoria popular. Vamos ao que interessa. Pela primeira vez trago-vos algo que se classifica verdadeiramente como consumer advice. Algo que vos vai ajudar a tomar uma decisão — e não, não é tarot. É um comparativo.
Quais são os veículos deste primeiro frente a frente? Um Ford Kuga (desde 29.608€) e um Nissan Qashqai (desde 24.555€). Dois pesos médios na categoria de SUV. No canto Ford temos um Kuga. Um carro que existe desde 2008 e está quase a fazer 10 anos. No outro canto, temos um Nissan Qashqai que já vai no seu décimo ano de produção. Décimo ano, esse, que é celebrado nesta versão aniversário que ensaiei. Ambos os carros tinham o motor 1.5 a gasóleo. O Kuga tem 120 cavalos e o Qashqai 110. A diferença não é notória. O Qashqai tem binário suficiente para fazer patinar as rodas em segunda, ao passo que o Kuga tem um binário igualmente forte mas, mesmo a acelerar um pouco mais, controla-se melhor. Ambas as casas são muito experientes em relação a controlar a tracção dos seus modelos – basta olhar para o Focus RS e o GT-R – mas, nesta categoria, dou o meu ponto ao Kuga.
Na categoria motor e na categoria controlo e suspensão
O Qashqai balança mais e adorna mais nas curvas e isso não se reflecte em conforto, uma vez que o Kuga tem um comportamento mais estável e é muito confortável. Se, por esta altura, começar a pensar que a minha opinião favorece o Kuga, está totalmete correcto. Atenção que isto não quer dizer que o Qashqai é mau! Muito pelo contrário. Um carro que vende em média 12 unidades por dia em Portugal e é o best-seller da categoria não pode ser mau. Os milhões de pessoas no mundo inteiro que compraram um Qashqai não estão errados. Quando o Qashqai chegou ao mercado, não só revolucionou o mercado dos SUV como elevou a Nissan para um patamar onde já não estava a algum tempo. Atrevo-me a dizer, até, desde a primeira geração do Nissan Micra. O GT-R é um carro à parte. Tão à parte que até o símbolo que usa é outro que não o da marca que o constrói. Quando o ensaiar poderei explicar-vos o porquê de pertencer ao Olimpo automobilístico.
Os interiores
Estes dois carros batem-se em pé de igualdade: são igualmente maus. Maus no sentido de estarem completamente desatualizados, tanto em design como em utilidade. O Kuga tem tantos botões no tablier que quando atendemos uma chamada com o mãos-livres dá vontade de dizer “huston, we have a problem”. O Qashqai está tão atrasado face à concorrência que é de estranhar que não tenham um leitor de cassetes no rádio. Isto muda, calma, até porque já andei com o novo Micra e mal entrei no carro a primeira coisa que disse foi “finalmente”. Em tudo! Fica para uma próxima crónica. Os interiores precisavam de uma actualização. Quem sabe para breve? Não é um turn off, porque são elegantes, mas confesso que já podiam ter atualizado. Ponto negativo para ambos, mas nada que altere o quanto gostei de andar com ambos.
O design exterior
É uma questão dividida. São ambos giros, embora para gostos diferentes. Se o Kuga parece o carro do “Esquadrão Classe A”, robusto, agressivo mas com uma linha dinâmica muito apelativa, o Qashqai parece menos robusto mas muito mais elegante. Agradam a públicos diferentes, não há dúvida. Os extras que trazem são muitos, embora no Kuga o preço suba um pouco para ter tudo a que tem direito. Se querem o meu veredito, eu diria que é um empate, porque se, por um lado, o Kuga vence, por outro lado o Qashqai tem provas mais que dadas que é um vencedor e esta edição comemorativa dos dez anos valida isso mesmo. Ainda assim, e se a minha opinião vos valer de algo, antes de pensarem em comprar um SUV médio, passem por um stand da Ford e conduzam um Kuga. O kit S-Line é indispensável, claro.
Agora vou comer. Este embate deu-me fome. Gostaram deste comparativo? Boa! Para breve haverá mais. Tenham uma boa semana e dêem uma olhada pelas outras crónicas.
Avaliação NiT: Kuga 75% e Qashqai 70%