Enquanto atravessa a Rua 1.º de Dezembro para chegar ao Rossio, em Lisboa, Hana Moran fica para trás para entregar algumas moedas a um sem-abrigo. “É a mais problemática de todos os meus ‘filhos’. Estou sempre a perdê-la”, explica à NiT Wendy Holden, autora de “Os Bebés de Auschwitz”. Os “filhos” são eles, os bebés que nasceram em campos de contração nazis e que agora têm 71 anos.
“Nunca sabemos o que o futuro reserva, amanhã podemos ser nós a pedir ali na rua”, justifica-se Hana Moran quando nos alcança.
Ela é uma dos três protagonistas deste livro — lançado em Portugal pela Vogais e já na terceira edição — e uma das últimas sobreviventes do Holocausto. Os outros são Mark Olsky, filho de Rachel e agora médico nos Estados Unidos, e Eva Clarke (filha de Anka), que faz discursos motivacionais em Inglaterra.
Hana Moran foi a primeira a nascer, a 12 de abril de 1945, em cima de uma mesa, no campo de trabalhos forçados de Freiburg, na Alemanha. Pouco depois nasceu Mark, durante uma viagem de comboio, ao frio e à chuva, que durou 17 dias (como ninguém sabia que dia era, escolheram 20 de abril, o aniversário de Adolf Hitler, na esperança de que a criança fosse considerada especial). Eva nasceu num carrinho de mão cheio de cadáveres enquanto ela e a mãe eram empurradas para os portões de Mauthausen, onde todos foram libertados a 5 de maio.
Meses antes as três mulheres tinham chegado grávidas de poucas semanas a Auschwitz. Como é que depois conseguiram esconder a barriga? Não a tinham, emagreceram até aos 31 quilos e os bebés não tinham mais de 1,5 quilos quando nasceram.
Leia a entrevista completa a Hana Moran e Wendy Holden.