Abril é o novo julho e outubro é o novo agosto. É assim que os especialistas internacionais resumem uma das tendências mais óbvias de viagens para os próximos anos. A época alta vai deixar de o ser e aquela que é conhecida como a “shoulder season” (à letra, a época do ombro, meses da primavera e outono) é agora, claramente, a aposta certa para viajar: antes que tenha, e em alguns casos já começa a acontecer, preços mais uniformes e demasiados turistas.
O aviso e a dica são dados por especialistas de todo o mundo: para viajar, sobretudo para a Europa mas para a generalidade do planeta, julho, agosto e setembro continuam a ser os meses mais caros e concorridos, mas já são completamente evitáveis; e a grande procura começa a incidir nos meses antes e depois.
O fenómeno está essencialmente relacionado com duas coisas, explica a revista “Forbes” num artigo desta semana: as mudanças de clima associadas ao aquecimento global, que ninguém deseja mas que se têm traduzido em cidades europeias normalmente com primaveras mais quentes e outonos a lembrar verões e, claro, o aumento de turistas em todo o mundo, incentivados por voos cada vez mais baratos, alojamentos mais variados.
Portugal é um dos destinos que tem sentido este fenómeno e o nosso País é, aliás, referido na reportagem da “Forbes”, precisamente como um dos locais que, tendo muita gente no verão e um clima cada vez mais difuso, é perfeito para conhecer em meses como abril e maio — antes que, também estes, se tornem numa nova “época alta”.
Mas o que dizem os especialistas então? Nada que não tivéssemos já reparado. A “Forbes” falou com várias pessoas ligadas a algumas das maiores agências e revistas de viagens da Europa e são unânimes: outubro e abril/maio, a tal “shoulder season”, são agora as recomendadas e vão começar a ser progressivamente consideradas temporadas altas. Sobretudo na Europa, para evitar as massas de verão, há cada vez mais procura nestes meses, e muitos hotéis estão a modificar as suas tarifas para o preço máximo.
“Shoulder Season” até já é um tag no Instagram e dá origem a fotos partilhadas sobre viagens pelo mundo nesta altura (em alguns casos, Lisboa é o destino).
Em cidades mais movimentadas, como Veneza, é mesmo recomendado que esqueça o frio, coloque um agasalho e a visite em meses como janeiro, se quer poupar algum dinheiro e não ser abalroado por multidões. Noutras, a meio termo, como Sevilha, são recomendados meses como novembro. Para a generalidade da Europa e os EUA, maio, abril e outubro são ainda a aposta certa.
O jornal australiano “Traveller” corrobora a tendência e dá sugestões específicas: se vai a Nova Iorque, escolha dezembro a março; se o destino é Berlim, vá de dezembro a janeiro; para Roma, escolha janeiro a março; e para visitar o Perú, o melhor é marcar entre maio e junho.
Até o “Washington Post” publicou um artigo, a 1 de fevereiro deste ano, onde recomenda vivamente a tal “shoulder season”. O jornal norte-americano dá dez exemplos de destinos que tem mesmo de aproveitar nestes meses: Santa Fé (EUA), Havai (EUA), Islândia, Cruzeiros no Pacífico, Toscânia (Itália), Cidade do Panamá, Puerto Vallarta (México), Virgínia (EUA), Quebec (Canadá) e Parque Nacional de Yosemite (EUA).
Claro que, ao escolher estas datas, se arrisca sempre a apanhar mau tempo e até fenómenos extremos: como em Veneza, no ano passado, que ficou inundada pelas chuvas fortes em outubro. Aqui, o melhor que pode fazer é comprar viagens com um bom seguro e ir confirmando as condições.