Há destinos de férias para todos os gostos espalhados pelo mundo. Os que agradam às pessoas que querem conhecer novas culturas; outros que chamam a atenção daqueles que precisam apenas de descansar ao sol em praias paradisíacas; e até aqueles que mexem com quem quer paz interior e descanso, a um nível quase espiritual. Depois, há os que reúnem tudo isto.
Exemplo disso é São Tomé e Príncipe, considerado este ano pela CNN como um dos países menos visitados do mundo, contudo, um dos melhores para viajar em 2020. “As selvas ricas e picos vulcânicos das ilhas estão repletos de plantas endémicas, incluindo centenas de espécies de orquídeas e begónias extraordinárias com três metros”, pode ler-se na descrição do site do canal norte-americano.
Situado junto à linha do equador, o país africano foi colonizado pelos portugueses e, até hoje, a influência do nosso País no local continua a ser visível. A CNN acrescenta até que “o legado português ainda pode ser sentido na música, cultura e costumes do país”, onde o café e o cacau fazem parte das principais indústrias. A expressão “leve-leve”, que caracteriza o povo são-tomense, é uma espécie de modo de vida e que significa “descontraidamente, sem preocupações ou stress”.
Por lá, a CNN destaca a Lagoa Azul como um destino imperdível para fazer snorkeling e mergulho, que até já recebeu prémios pelas suas águas azuis e cristalinas. Apesar de parecer impossível, a NiT dá-lhe ainda mais sugestões incríveis que precisa mesmo de incluir na bucket list quando for até lá de férias — como almoçar com vista para a praia ou rodeado de palmeiras; passear de piroga no rio Malanza; conhecer várias roças; ouvir histórias de vida inacreditáveis e, claro, dar muitos mergulhos no mar.
São Tomé chegou a ser um dos maiores produtores de cacau do mundo. As roças, que eram locais praticamente auto sustentáveis, foram a base económica das ilhas, sobretudo até à sua independência, em 1975. Embora a estrutura das roças tenha sofrido uma constante evolução ao longo do tempo — devido à necessidade de reestruturação da atividade agrícola — em muitas delas mantiveram-se espaços como a casa principal, as habitações dos encarregados, as sanzalas (habitações dos serviçais), os armazéns, as estufas e os secadores.
A Roça Monte Café, na região de Mé-Zóchi, foi fundada em 1858 por Manuel da Costa Pereira. Neste local, onde vivem cerca de três mil habitantes, a cultura de cacau e de dois tipos de café, arábica e robusta, é a mais conhecida. Se passar por lá, além de ficar a conhecer as incríveis histórias dos seus habitantes, tem ainda oportunidade de conhecer a Firma Efraim, a atual fábrica de produção do café daquela roça, e o museu do espaço (o bilhete custa 3€ com direito a uma degustação de café no final da visita).
É na Roça Saudade que fica a antiga casa colonial da família do artista Almada Negreiros, restaurada e convertida num museu, galeria de arte, guest house e restaurante. A Casa-Museu de Almada Negreiros inclui um Centro de Cultura e Divulgação da Arte de São Tomé, onde artistas locais expõem os seus trabalhos; e onde encontra vários documentos e livros relacionados com a vida do artista.
Na Roça de São João dos Angolares, um dos locais imperdíveis numa viagem a São Tomé, encontra o restaurante do chef João Carlos Silva, de 63 anos. Nasceu em São Tomé, mas em Portugal dispensa apresentações — já viveu no nosso País e apresentou o programa “Na Roça com os Tachos”, no canal RTP África.
No restaurante que construiu na Roça de São João dos Angolares serve uma experiência gastronómica com sabores imperdíveis da região. A refeição começa com seis entradas, passa por um prato principal e termina com duas sobremesas — o menu custa 25€, sem bebidas. A vista do restaurante é simplesmente incrível.
Outro dos locais onde tem de fazer uma paragem obrigatória é na fábrica Claudio Corallo. Os chocolates e cafés Corallo, entre as plantações e a fábrica, empregam mais de 400 pessoas em São Tomé e Príncipe. A entrada, com degustação, custa 4€.
A Corallo trabalha com os melhores ingredientes e segue um cuidadoso processo de produção, inteiramente manual: é também por isso uma das melhores marcas de chocolate e café do mundo. A marca são-tomense tem ainda uma loja em Portugal: Bettina & Niccolò Corallo, que fica na zona do Príncipe Real, em Lisboa.
Depois, claro, existe a “Mangrouve Tour”, um passeio de piroga tradicional no mangal do rio Malanza. Durante uma hora e meia, o guia mostra-lhe a rica fauna daquele local. Se tiver sorte, ainda encontra macacos a saltar de árvore em árvore. Pelas margens do rio também encontra vários miúdos à pesca com apenas fio de nylon. A visita custa 10€ por pessoa e os guias estão à sua espera durante todo o dia na entrada da vila de Malanza.
As águas límpidas e as praias desertas de São Tomé parecem o paraíso. No sul da ilha há palmeiras, água transparente e areias brancas que prometem mergulhos incríveis e fotografias ainda melhores. A praia Inhame, por exemplo, é um dos destinos onde tem de ir. Fica a cerca de duas horas do aeroporto de São Tomé, próxima da vila piscatória de Porto Alegre.
É lá que vai poder experimentar aulas de surf, mergulho, passeios de BTT e passeios pedestres pela floresta (com guia). Além disso, é possível assistir à desova e nascimento das tartarugas — uma atividade sazonal que acontece entre setembro e abril. Normalmente, os hotéis marcam esta atividade para o final do dia, por volta das 20 horas. Na Praia Inhame Eco Lodge, por exemplo, pedem 5€ por pessoa para assistir à desova e o valor reverte para um projeto de proteção da espécie.
Não se esqueça ainda de visitar o Ilhéu das Rolas, um paraíso que fica apenas a 15 minutos de barco de São Tomé e que tem apenas 200 hectares e 170 pessoas. Se quiser apenas visitar o local, todos os dias existem duas travessias organizada pelo Pestana Equador (o único hotel do ilhéu): o barco parte de São Tomé às 10 e às 17 horas; já do ilhéu tem partida marcada para as 10h30 e às 16h30.
De resto, mergulhe nas praias de Micondó, na das Sete Ondas, na Jalé e em todas as praias onde puder parar. As águas são sempre transparentes e com uma temperatura agradável. A de Micondó, em específico, fica na parte este da ilha, junto à praia de Instanga, e é um ótimo spot para as fotografias de Instagram.
Para conhecer este destino de sonho não precisa de visto nem de gastar muito dinheiro (o custo de vida em São Tomé não é alto). Além disso, não tem de se preocupar com o jet lag — o país tem apenas uma hora de diferença de Portugal. A TAAG — Linhas Aéreas de Angola é a companhia aérea certa para fazer esta viagem. Há voos de Lisboa até São Tomé (com apenas uma escala em Luanda) seis vezes por semana. A partir do Porto, os voos acontecem três vezes por semana.
Para finais de Março deste ano — uma das melhores alturas para viajar até São Tomé — a TAAG tem voos com partida de Lisboa a partir de 564€ (valor de ida e volta com taxas incluídas e sujeito a variação das mesmas, bem como a disponibilidade de lugares).