A oscilar entre o lotado e o cheio, sobretudo nas horas de ponta, com alguns cuidados de distanciamento quando possível mas poucas pessoas de máscaras. É assim que voltou a estar esta semana o metro de Londres, cidade mais populosa de um dos países mais afetados pelo novo coronavírus.
A indicação terá sido dada aos britânicos que não conseguem manter, devido às suas funções, o teletrabalho nos próximos meses, tal como funcionários de setores fabris, de construção ou afins. Na noite de domingo, 10 de maio, o primeiro-ministro britânico foi à televisão passar uma mensagem — extremamente confusa, comentam todos os media locais — sobre o principio do desconfinamento no país.
No comunicado em televisão, Boris Johson disse que apesar de o surto de coronavírus no Reino Unido ainda estar ativo — é aliás uma das nações do mundo mais afetadas — o governo encorajava agora aqueles que não tinham como funcionar em teletrabalho a regressar ao local de trabalho. E pedia que se deslocassem idealmente de bicicleta, a pé ou até de carro próprio, evitando o uso e sobrecarga dos transportes públicos.
Segundo o jornal “Metro“, o governo britânico preparou um documento de 50 páginas onde está delineada a estratégia de recuperação do coronavírus, e cuja base essencial é que as pessoas que podem trabalhar em casa devem continuar a fazê-lo; e as que têm impreterivelmente de se deslocar já o podem fazer, usando sempre máscaras nos transportes e procurando meios de deslocação alternativos.
Certo é que foi o suficiente para o metro londrino, o principal meio de transporte na cidade, voltar a andar cheio. E desta vez não são só as dezenas de fotos e críticas nas redes sociais que o comprovam. Este jornal cita dados do Transport for London (TfL) que mostram que na segunda-feira dia 11, o primeiro dia de regresso para alguns trabalhadores, foram feitas mais quatro mil viagens de metro do que na segunda anterior, de 4 de maio.
A autoridade de transportes admite estar a enfrentar “um desafio muito maior que os Jogos Olímpicos de 2012” e promete aumentar a capacidade de 60% para 85% na próxima semana.
Em comunicado, a TfL pediu ainda aos londrinos: “Por favor, viaje fora dos horários de pico e use uma cobertura facial, leve um desinfetante para as mãos e lave as mãos antes e depois da viagem”. As pessoas são também aconselhadas a “pensar cuidadosamente sobre os horários, rotas e maneiras de viajar”.
Os passageiros devem tentar manter o distanciamento social e afastar-se o mais que conseguirem quando este é impossível, como já começou a acontecer. É que, relatos espalhados por jornais e redes sociais, falam de muita proximidade, de tentativas frustradas por manter distanciamento ou um lugar vago entre pessoas; e curiosamente de muitas poucas máscaras a serem utilizadas.
@BorisJohnson @SadiqKhan commute this morning is like a suicide mission, no social distancing, all cramped coaches on tubes, yet you still say stay alert, control the virus
— adeleye (@leye200678) May 12, 2020
Os passageiros mostram-se preocupados com a falta de segurança, dizem que o distanciamento é impossível, um utilizador do Twitter fala em “missão suicida”. Outros dizem que a situação poderá ser pior esta quarta-feira, dia 13, porque houve membros do governo a recomendar o regresso ao trabalho preferencialmente quarta, e não segunda.
Segundo a “Sky News”, um motorista de metro disse que no primeiro dia “não havia distanciamento social” e os sindicatos de trabalhadores dos transportes já manifestaram preocupações, com um deles a aconselhar mesmo os seus membros a não trabalhar se não se sentissem seguros.
O Reino Unido tem já um total de 226.463 infetados por Covid-19. Mais de 32 mil pessoas morreram naquele país devido ao novo coronavírus.