Inga traz uma cadeira e senta-se do lado dinamarquês. Karsten fica no lado alemão. Servem-se de café de dois termos, comem bolachas ou mesmo o almoço, contam piadas, conversam, namoram. Mantendo a distância claro, imposta por bom senso e por uma fronteira agora fechada. Parece uma história de amor em tempo de guerra — e de certa maneira, na terminologia que muitos governantes insistem em usar para descrever o combate mundial contra o novo coronavírus, até é.
Mesmo com regras, isolamentos, cuidados, com fronteiras fechadas e grupos de risco, a vida não para e o amor também não. Assim acredita este casal germano-dinamarquês, que arranjou uma maneira de se encontrar todos os dias, cumprindo ainda assim as regras óbvias e necessárias para sua auto-proteção, desde que a contenção começou.
A revista alemã “Deutsche Welle” descobriu a história desde incrível casal, de 85 (ela) e 89 (ele) anos. O amor entre os dois é tão forte que a fronteira entre a Alemanha e a Dinamarca, que está agora quase completamente fechada por causa da pandemia da Covid-19, é apenas isso: uma barreira física, não emocional.
Cumprem as regras e a distância, adiantam à revista. Hansen vive em Süderlügum, na Alemanha, e Rasmussen é de Gallehus, na Dinamarca, duas cidades fronteiriças a 20 minutos de carro uma da outra.
Contam que levam as cadeiras de casa, tal como a comida, e que não falham um dia. Ele vai de bicicleta e ela de carro.
Admitem que a situação não é fácil e tem o seu lado triste; antes estavam juntos todos os dias, visitavam-se nas respetivas cidades e podiam namorar mesmo, mas é o que é. Falam constantemente por telefone, mantém os encontros e dizem ainda assim ter saudades um do outro quando estão sozinhos em casa.
Inga e Karsten conheceram-se há dois anos e mesmo em tempos de pandemia, não deixam os planos para o futuro: querem viajar juntos assim que tudo passar, concluem à publicação.
Em tempos de quarentena e de medo, multiplicam-se as histórias de esperança e de amor. A NiT já lhe contou o amor de duas pessoas em Nova Iorque que se conheceram ao longe, pelas suas varandas, e continuam agora a ter encontros virtuais.