São 14,4 milhões de metros quadrados e uma superfície gelada com vida animal única. Fica bem longe, especialmente deste lado do globo, mas é daqueles pontos do planeta que a todos dizem respeito.
Em fevereiro, o continente teve um recorde de 18,3 graus Celsius. O aquecimento global é assunto sério e esta parte do planeta tem mesmo de ser preservada. Por isso, vem aí uma oportunidade rara para o sobrevoar e aprender mais sobre a Antárctida.
Este continente inspirou dezenas de lendas, mas manteve-se durante séculos intocado. O explorador James Cook esteve lá perto e viu pequenas ilhas em 1773, apesar de nunca ter chegado a avistar a zona central. Foi preciso esperar por três expedições diferentes, em 1820, para chegar perto da costa. E só um ano depois é que o marinheiro norte-americano John Davis terá sido o primeiro homem a pisar a Antárctida.
No início do século XX, várias expedições passaram por lá, algumas terminando em tragédia. O chamado Pólo Sul só foi alcançado a 14 de dezembro de 1911, numa expedição liderada pelo norueguês Roald Amundsen.
Uma expedição moderna
A australiana Qantas e a Antarctica Flights estão a ressuscitar a parceria que permite uma viagem rara, com um total de 12 horas, sobre o continente gelado. Os passageiros partem num Boeing 787 Dreamliner e são precisas três horas para lá chegar. Nas quatro horas seguintes vai poder ver ao vivo a paisagem inóspita de uma das zonas mais fascinantes da Terra.
Há apenas sete voos disponíveis para os próximos meses: o primeiro é já a 15 de novembro e parte de Melbourne. Segue-se Sidney a 22 de novembro. E depois uma viagem especial na noite de Ano Novo, de Melbourne. Os voos seguintes são em 2021: Perth (21 de janeiro), Brisbane (7 de fevereiro), Adelaide (no Dia dos Namorados) e Sidney (21 de fevereiro).
Os voos só existem a partir da Austrália. Por isso, se quiser fazer esta viagem, terá primeiro de chegar a Sidney. Se sair de Lisboa, por exemplo, há voos a partir de 760€. Depois, para a tal aventura, os preços começam nos 725€, mas os pacotes mais luxuosos podem variar entre 2.500€ e 3.000€. Cada passageiro que reserva uma passagem tem automaticamente acesso a dois lugares, para que a meio do voo toda a gente possa trocar de lugar e espreitar o continente branco de ambos os lados do avião.
Estas viagens raras realizam-se há 26 anos e têm sido adaptados à realidade de cada geração. Hoje em dia, por exemplo, os voos são operados em neutralidade carbónica. O facto de não aterrarem tem duas razões legítimas: isso seria particularmente perigoso para os passageiros e um desgaste ambiental extra no continente.