O café está aberto durante todo o dia, por isso pode tomar por lá a primeira refeição, lanchar enquanto lê um livro ou experimentar jogos durante o chá. Se preferir, pode visitar a sala de música ou o jardim, que tem recantos, espreguiçadeiras e camélias. Os interiores são incríveis, com um claro respeito pela traça antiga, porém um ar renovado e um resultado final mágico. No centro do Porto, entre a Baixa, a cidade velha e as galerias de arte à volta da Rua Miguel Bombarda, nasceu a Melina Colina, a nova guesthouse de sonho da cidade.
A Menina Colina abriu a 22 de novembro na Rua Dr. Alberto Aires de Gouveia, num recanto entre os números 15 e 19. A história da casa remonta a meados do século XIX, quando a cidade começou a expandir-se, empurrada pela industrialização.
Segundo a direção da guesthouse, o primeiro dono da casa foi José Joaquim Correia, que a construiu para a sua família. “Nessa altura, o nome da rua era Rua das Carrancas e mais tarde Rua da Liberdade. O nome atual, Rua Dr. Alberto Aires de Gouveia foi atribuído muito mais tarde em homenagem a um conhecido pintor do Porto”.
Depois de ser herdada por outra família, que fez obras e trouxe estuques, pinturas e até uma mini capela ao edifício, a casa acabaria por ficar sem rumo e ao abandono, desde os anos 80.
“Durante mais de três décadas o edifício esteve fechado, até que decidimos renovar o tesouro escondido e torná-lo acessível ao público”, explicam os proprietários. Em 2017, a renovação começou com a introdução elementos modernos, “quase sem alterar a substância antiga do velho edifício”.
Ao longo de vários meses de restauro, “o estuque, as portas e outros elementos decorativos foram cuidadosamente limpos, consolidados e revigorados. Agora todos os nossos hóspedes podem experimentar, encher de vida e admirar esta casa única”.
Guy Lehmann, carpinteiro, Julia Bargholz, arquiteta, Maria Leiterholt e Hinrich Balsters, ambos engenheiros agrónomos, são os proprietários. Os “quatro alemães do Norte” que deram nova vida à Melina Colina.
À NiT, explicam que o seu projeto de amor é mágico e que consegue combinar 150 anos de história com conforto e modernidade. Guy Lehmann diz-nos: “Antes de entrar, parece uma casa normal, mas depois é de tirar o fôlego. Temos aqui algo muito especial”.
Guy e os seus sócios apaixonaram-se pelo Porto e logo decidiram que queriam contribuir para a reconstrução da cidade. Depois de visitarem mais de 60 casas, encontraram a tal: “Esta casa pertencia a uma família portuense que decidiu na altura sair do centro da cidade. Esteve fechada cerca de 30 anos, mas estava muito bem conservada e sentimos logo que era esta”.
Durante a renovação, quiseram preservar a traça ao máximo: “Mantivemos a traça original, o alto pé-direito, as paredes, as tábuas compridas do soalho, o trabalhado do estuque, as cores, o mármore fingido. E tornámos a casa mais confortável e moderna com tecnologia, decoração e aquecimento embutido no chão”, explica Guy Lehmann.
O objetivo é dar aos hóspedes “uma aventura, uma viagem no tempo, uma estadia muito agradável”. E a possibilidade de “desfrutar de beleza, tranquilidade e cultura”.
O nome Menina Colina começou por ser uma escolha pela sonoridade do nome. Depois já não o conseguiram largar. A casa tem nove suites, seis das quais com varanda com vista para o jardim e três com vista de rua para o Hospital de Santo António, o Palácio da Justiça e parte da Torre dos Clérigos.
Aqui, cada quarto tem um nome e um tema. No terceiro andar encontra a suite Céu, com estrelas pintadas à mão — onde ficava a antiga capela. No mesmo andar está o Poente e o Alvorada.
No segundo andar, há o Borboleta, com uma réplica do papel de parede original cheio de borboletas. Neste andar pode também dormir nos quartos Camélia, Estrela ou Rubi. Sempre a descer, existem ainda os quartos Musgo e Terra, que estão no primeiro andar.
A tal sala da música é o local perfeito para realizar festas privadas, palestras e formações. Para breve, “talvez na primavera ou no verão”, os proprietários pensam abrir um bar aberto a hóspedes e a visitantes. Por enquanto e assim que chegam, os hóspedes são recebidos por Mavi, ou Maria Vítor Mota, a gerente nascida no Porto que dá o toque final de familiaridade ao espaço.
A Menina Colina Guest House fica a 20 minutos a pé da Ribeira e a 10 minutos a pé da Avenida dos Aliados. O Museu Nacional Soares dos Reis, o Palácio de Cristal e as Galerias Miguel Bombarda estão ali bem perto.
Os preços das noites começam nos 90€ por quarto. As reservas já podem ser feitas online.