O apartamento fica no centro de Lisboa, na zona da Penha de França, mas não é um Airbnb qualquer: trata-se de uma casa temática onde cada detalhe nos remete para as viagens. Estão lá as velhinhas malas dos anos 60, as mesmas que o pai de Dário Martins, o proprietário, usou quando fez uma viagem pelos EUA. E outras que este ex-farmacêutico, que um dia decidiu abraçar a hotelaria, procurou pacientemente todos os sábados, na Feira da Ladra. Bem-vindos à Travelers Home.
As malas são apenas mais um elemento decorativo deste apartamento de dois quartos, com capacidade para albergar cinco hóspedes, e com uma atmosfera única. Há outros detalhes para conhecer. Lá iremos, porque se o tema são as viagens — e aqui a experiência é fundamental para saber receber — , então convém esclarecer alguns pormenores da história do proprietário: Dário tem 30 anos, licenciou-se e trabalhou numa farmácia durante três — na família são todos da área do Direito — até que se despediu, em 2015, para viajar.
Quando regressou a Portugal, depois de ter passado em trinta alojamentos pelo mundo, voltou aos turnos da noite. Mas em vez daquela farmácia em Mafra, muito concorrida, foi atender hóspedes num dos hostels mais conceituados de Lisboa. Ganhou experiência e decidiu atirar-se ao seu próprio negócio. Filho de um juiz, os pais não apoiaram a decisão mas acabaram por ajudá-lo na compra da casa. Tudo o resto ficou por conta dele: sobretudo a decoração e as obras.
“Alguns hóspedes perguntam-me se sou designer de interiores” conta à NiT o ex-farmacêutico, orgulhoso da sua obra, que batizou de Travelers Home. Há uma marquise convertida em lounge, com uma rede para descansar enquanto a vida de bairro acontece lá fora, e um mapa planisfério na parede, com vários fusos horários. O apartamento é bastante colorido e cheio de elementos alusivos a Lisboa (há um poster da Praça do Comércio no hall, por exemplo). Também lá está um daqueles painéis das partidas e chegadas do aeroporto. Aqui tudo nos leva a viajar.
A casa custa 50€ por noite, tem dois quartos, quatro camas e possibilita albergar até cinco hóspedes. Oferece o “café da manhã” e tem reviews exclusivamente de cinco estrelas. Um dos hóspedes mais recentes escreveu que a Travelers Home foi o melhor bed and breakfast em que ficou. Também não faltam elogios ao anfitrião, que vive na casa e tem o sonho de um dia abrir um hostel em Portugal. Contas por alto, talvez não seja assim tão difícil concretizar: fez dois interrails, esteve em 25 países, dormiu em 63 hostels e em onze sofás de couchsurfing. Experiência não lhe falta.
Voltemos à casa. Um dos quartos tem cama de casal, o outro tem duas de solteiro e uma espécie de beliche individual, e a cozinha tem os equipamentos necessários, além do aquecimento central para os dias mais frios do inverno. Quem entra pela primeira vez neste apartamento dificilmente dirá que Dário percebe de tabelas periódicas — embora na casa de banho um dos elementos decorativos nos remeta para a química — ou que alguma vez tenha aviado uma receita. “A Travelers Home esteve sempre na minha cabeça”. E a alma de viajante não escolhe perfis.
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