A imunidade de grupo tem sido um dos temas mais controversos desta pandemia. Se há quem coloque essa hipótese completamente de lado e condene quem não o faz, existe também um grupo de pessoas que julga ser essa a melhor solução. É o caso do médico português Nelson Olim, consultor da WHO Academy, da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“A tendência deste vírus é de se tornar endémico. Esta é a única forma de a médio e longo prazo se criar uma imunidade de grupo. Neste momento, há um certo exagero nas medidas tomadas do ponto de vista do distanciamento, das máscaras, das luvas e da circulação dentro de espaços”, diz o especialista em entrevista à agência Lusa, citado pela “TVI24”.
Explica ainda que é preciso ter noção do preço a pagar, defendendo que Portugal está a atrasar em muito o adquirir da imunidade de grupo que nos iria proteger a todos. No entanto, destaca que esta é a sua visão pessoal e não uma posição da OMS.
O cirurgião especialista em medicina de catástrofe acredita que o nosso País está a aumentar o risco de enfrentar uma segunda vaga da infeção por Covid-19 — e quase nas mesmas condições com que combateu a primeira. “A imunidade ganha-se pela exposição a pequenas quantidades do vírus e esta é a forma como a espécie humana evoluiu nos últimos milhares de anos.”
Porém, ressalva que os grupos de riscos devem continuar a ser protegidos, pelo menos enquanto não existir uma vacina ou tratamento. E mais: que as medidas de proteção, como a lavagem das mãos, são “mais do que suficientes para impedir a propagação em grande escala” — mas que “deveríamos aliviar o resto”. De outra forma, alerta, o impacto económico e social será maior.
O médio português, na mesma entrevista, aproveitou para relembrar que “o vírus não conhece quem tem ou não dinheiro no banco”, propagando-se em função da proximidade.