Na última sexta-feira, o médico americano Joseph Varon concluiu o seu 134.º dia consecutivo de trabalho, em Houston, no Texas, um dos estados onde a pandemia tem batido recordes nas últimas semanas.
Varon é o responsável pelo United Memorial Medical Center, um dos hospitais que têm sido assolados em Houston pelo crescente número de casos de pacientes internados devido à Covid-19. A sua história mostra bem o impacto que a doença tem, não só nos pacientes, mas também no pessoal médico que todos os dias dá o seu melhor.
Desde que a pandemia chegou que este médico não tem parado. A última semana, confessa à “CNN”, foi mesmo a mais difícil. “Todos os dias morreram pacientes.”
A sua rotina começa cedo. Entre as 4h30 e as cinco horas da manhã. Durante o dia acompanha médicos e enfermeiros e faz rondas a visitar os diferentes pacientes. Ao fim do dia, encontra ainda tempo para estar com outros pacientes do hospital — os que não foram infetados pelo coronavírus. Os dias acabam às 22 horas, por vezes à meia-noite. O próprio admite não saber como tem aguentado fisicamente. “É a adrenalina”.
A fotógrafa Callaghan O’Hare tem acompanhado o médico durante este tempo, a registar o impacto da doença naquele hospital. O médico faz questão de acompanhar de perto os casos graves que o seu hospital recebe. Ao mesmo tempo, tornou-se uma das vozes mais ativas naquele estado a falar sobre a doença.
Esta exposição pública trouxe-lhe outro risco: o médico tem recebido ameaças de morte, vindas de pessoas que acham que a Covid-19 não existe e que é tudo mentira. Além das ameaças, o próprio admite que fica “frustrado” quando, ao fim do dia, passa pelo shopping a caminho de casa, ainda vê muita gente entrar sem máscara. “Dá cabo de mim”.
Os números mais recentes da Universidade Johns Hokpins apontam para mais de 4,5 milhões de infetados e mais de 153 mil mortes nos EUA. Só no Texas já morreram mais de 6.500 pessoas devido a complicações da Covid-19.