Poucos minutos depois da divulgação do número de casos confirmados de Covid-19 nas últimas 24 horas em Portugal — foram 783, aumentando o total de infetados para 9034 —, o secretário de estado da Saúde começou a conferência de imprensa desta quinta-feira, 2 de abril, a falar de material médico.
António Lacerda Sales revelou que vão ser distribuídas seis mil zaragatoas, sendo que estão encomendadas mais 400 mil, das quais 80 mil chegam na sexta-feira, dia 3. As restantes têm entregas previstas nas próximas semanas. Aguarda-se também a chegada de mais 200 mil testes na próxima semana.
“Estamos em condições de duplicar a nossa capacidade de ventilação. Foram oferecidos 400 ventiladores invasivos, muitos dos quais já chegaram aos hospitais, e recebemos 140 não invasivos a título de empréstimo. Foram também adquiridos mais 900 pela administração central”, disse.
A conferência de imprensa contou, também, com a presença do presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos, João Gouveia, que anunciou que durante este fim de semana, 4 e 5 de abril, vão chegar 144 ventiladores aos hospitais portugueses, sendo que aguardam mais unidades.
Admitiu, ainda, que os ventiladores vão ser distribuídos consoante “critério pré-estabelecidos” que têm a ver com as necessidades de cada unidade, “a urgência dos ventiladores, ou seja, grau de sobrecarga que já existe nos serviços de medicina intensiva e de acordo com critérios de segurança”.
O secretário de estado da Saúde disse também que, na noite de sexta-feira, vão chegar ao nosso País, ainda, 400 mil máscaras FFP2, três milhões de máscaras cirúrgicas e 400 mil testes. Admitiu que na quarta-feira, 1 de abril, receberam 2,8 milhões de máscaras cirúrgicas e 116 mil FFP2.
“Neste momento, foram efetuados, desde 1 de março, cerca de 75 mil testes acumulados”, avançou, dando como exemplo o dia 31 de março, em que foram feitos 6355 testes.
Foi a diretora-geral da Saúde a intervir em seguida sobre os critérios de testagem. Sobre isso, referiu que primeiro são testados os doentes suspeitos e, numa segunda linha, os que estiveram em contacto com essas pessoas.
Questionada sobre o pico da epidemia, Graça Freitas voltou a dizer que o pico pode ser estendido no tempo, já que a subida não está a ser intensa: “Estamos a subir a curva, ainda estamos em ascendência, mas não exponencial e abrupta. Temos tido uma ascendência aplanada, mas não sabemos quando vai ser o pico.”
E continua: “Quanto mais lenta for a nossa progressão mais para a frente vai o pico. Estamos a fazer tudo para subir lentamente, vamos depois estar em planalto, mas só saberemos que estivemos no pico quando começarmos a descer, e mesmo assim não dá para ver logo nos primeiros dias de descida. O que nos interessa neste momento é sobretudo saber o número de doentes que temos por semana para termos a certeza de que os conseguimos tratar adequadamente. O objetivo é tratar bem os doentes.”
A conferência continuou com a atualização do número de profissionais de saúde infetados pelo novo coronavírus em Portugal. Os dados de que há registo, referentes a quarta-feira, 2 de abril, apontam para 1124 casos confirmados — 206 são médicos e 282 enfermeiros. António Lacerda Sales fala, ainda, em oito profissionais (sete médicos e um enfermeiro) nos cuidados intensivos.
Acerca dos hospitais na região norte que dão alta a pacientes Covid-19 positivos sem confirmar os dois testes negativos no espaço de 24 horas, como a NiT noticiou, Graça Freitas esclareceu que o critério se mantém.
“Continuamos obviamente a considerar que o padrão melhor é ter dois testes negativos, mas estou certa de que os colegas da região norte que deram estes doentes como recuperados e os mandaram para o domicílio, o fizeram com base em critérios clínicos, e acredito que tenham recomendado a permanência em isolamento”, disse Graça Freitas.
Questionados sobre utentes sem médicos de família que estão com mais dificuldade a obter baixas, foi Graça Freitas a responder que “a indicação dada é que quem não tem médico ficará com um médico atribuído para estas situações”, admitindo que o sistema pode variar consoante o centro de saúde.
O secretário de estado da Saúde aproveitou para reforçar que “não haverá ninguém sem médico de família”. “Mesmo as franjas da população mais vulneráveis como migrantes ou refugiados vão ter direito a médico de família”, concluiu.
Até ao final da manhã quinta-feira, confirmam-se mais de 952 mil casos de Covid-19 em todo um mundo, assim como 48.320 mortes e 202.541 pessoas recuperadas.