Uma enfermeira no Hospital do Espírito Santo, em Évora, publicou esta segunda-feira, 6 de abril, um desabafo na sua página de Facebook onde fala sobre os salários propostos pelo governo para recrutar enfermeiros durante o surto da Covid-19 no nosso País, que oferece uma compensação de 6,42€ por hora.
“No meio dos aplausos da pandemia, no momento em que somos chamados de heróis, quando nos dizem que somos os soldados da linha da frente e a ultima fronteira entre a vida e a morte, o governo tenta recrutar enfermeiros com a vergonhosa proposta de pagamento de 6,42€ por hora”, começa o texto de Carmen Garcia, que já reuniu mais de quatro mil reações e centenas de comentários.
No meio dos aplausos da pandemia, no momento em que somos chamados de heróis, quando nos dizem que somos os soldados da…
Publicado por Carmen Garcia em Segunda-feira, 6 de abril de 2020
A enfermeira destaca as más condições de trabalho, sublinhando os “turnos de 12 horas enfiados em hospitais de campanha, metidos em fatos assustadoramente desconfortáveis, com máscaras e óculos que ferem o rosto”, além das várias “semanas que se podem transformar em meses” sem ver os pais e os filhos.
“Seis euros e quarenta e dois cêntimos por hora é o que querem pagar a quem vai salvar a vossa vida. É quanto o governo decidiu que vale a primeira linha, a última fronteira“, continua Carmen, que afirma que é este o valor que se paga a quem “trabalha no meio de um inferno de onde todos querem fugir”.
Este testemunho, que se dirige ao governo e à ministra da Saúde, acusa ainda Marta Temido de não “corar de vergonha” quando sugere que “quem nos cuida” receba por hora “o mesmo que uma empregada doméstica”.