As notícias começaram a chegar em abril do Reino Unido e dos Estados Unidos, mas rapidamente foram detetados casos em Portugal e um pouco por todo o mundo. Falamos da doença rara com sintomas semelhantes aos de Kawasaki, que começou a afetar crianças que tiveram de ser levadas para as unidades de cuidados intensivos (e algumas acabaram mesmo por morrer).
O alerta urgente lançado no Reino Unido a 26 de abril avisava os médicos e pais britânicos de uma série de sintomas graves — dor abdominal, problemas gastrointestinais e inflamação cardíaca — e especulava uma possível ligação à Covid-19.
Esta segunda-feira, 8 de junho, chegou a confirmação oficial. Uma equipa de investigadores da cidade britânica de Birmingham detetou evidências que confirmaram o novo coronavírus como a causa de uma nova e perigosa síndrome inflamatória nos miúdos.
Esta descoberta vem comprovar o risco de que as crianças que estiveram infetadas com o novo coronavírus, mesmo que de forma assintomática, possam vir a ter esta doença, que se assemelha à síndrome de Kawasaki — que normalmente afeta miúdos até aos cinco anos e resulta em temperaturas altas, assaduras no corpo e inflamação dos vasos sanguíneos.
A nova condição recebeu o termo Síndrome Pediátrico Multissistémico e já afetou cerca de 100 crianças no Reino Unido. Esta pesquisa em Birmingham contou com a colaboração de várias autoridades de saúde britânicas e baseou-se num teste sanguíneo que revelou, em todos os pacientes, o desenvolvimento de vários tipos de anticorpos contra o SARS-CoV-2.
O padrão de anticorpos indica que a infeção pelo vírus deverá ter ocorrido várias semanas ou até mesmo meses antes do aparecimento da nova doença. Isto significa, explicam os investigadores, que os testes serológicos poderão ser usados para ajudar a diagnosticar a nova doença, mesmo nos casos em que a Covid-19 não é detetada nos pacientes.