Na segunda-feira, 11 de fevereiro, o novo coronavírus provocou, pela primeira vez, em 24 horas, mais de uma centena de mortes. No dia seguinte, 12, mais 97 vidas foram perdidas. A subir a um ritmo assustador, os últimos números divulgados pelas autoridades de saúde chinesas apontam para 1116 mortes e mais de 45 mil infetados.
Acrescentaram, ainda, que 451.462 pacientes foram acompanhados por terem mantido contacto próximo com os infetados, dos quais 185.037 ainda estão sob observação.
O balanço ultrapassa o da SARS — Síndrome Respiratória Aguda Grave que, entre 2003 e 2004, causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, ainda que a taxa de mortalidade permaneça inferior.
Esta terça-feira, tal como a NiT noticiou, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um novo alerta: “Com 99% dos casos na China, trata-se de uma grande emergência para o país, mas representa uma grave ameaça para o resto do mundo”, disse o diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, nas declarações de abertura de uma reunião em Genebra.
Mais de 400 especialistas, desde cientistas a investigadores, vão partilhar informações e definir prioridades no estudo para combater o novo coronavírus, agora oficialmente conhecido como Covid-19. A forma de transmissão e os possíveis tratamentos são dois temas essenciais no debate.
Em declarações ao jornal britânico “The Guardian” na segunda-feira, 11, o professor Gabriel Leung, um reconhecido epidemiologista de Hong Kong que também está a participar na tal reunião da OMS, afirmou que, se não for controlado, o novo tipo coronavírus pode infetar 60 por cento da população mundial.
Segundo Leung, a maior parte dos especialistas acredita que cada pessoa infetada pode transmitir o coronavírus a cerca de 2,5 pessoas, o que resulta numa taxa de ataque de 60 a 80 por cento.
“Sessenta por cento da população mundial é um terrível número”, diz. E continua: “Se isso vier a acontecer, mesmo com uma taxa de mortalidade baixa, de um por cento, o número de vítimas mortais por causa deste novo vírus poderá ser enorme.”
Do you know how to protect yourself from the new coronavirus? There are several simple things you can do.
Watch this short video and find out how. 👇 pic.twitter.com/c4Mp6hoXE3
— World Health Organization Western Pacific (@WHOWPRO) February 7, 2020
Para este especialista, a prioridade é verificar se as medidas que estão a ser aplicadas na China estão a ter efeito. Portanto, se a quarentena e os cuidados médicos em curso são suficientes para conter o vírus.
De acordo com a OMS, a vacina para travar esta pneumonia viral deve demorar ano e meio a ser desenvolvida. “Agora temos de nos preparar para usar as armas que temos ao nosso alcance para lutar contra este vírus”, disse o diretor-geral na conferência de imprensa em Genebra.
Em Portugal, a diretora-geral da saúde, Graça Freitas, avançou que o plano de contenção para o surto “tem um nível de preparação elevado” e que o nosso País tem condições para lidar com possíveis casos positivos da doença.
Depois de seis casos suspeitos de infeção, cujas análises deram negativo, a Direção-Geral da Saúde (DGS) está a preparar uma rede de hospitais de segunda linha para lidar com a eventual chegada deste coronavírus.
“Não são nem melhores nem piores, são aqueles que ficam preparados para, se recebermos doentes em maior número, podermos internar essas pessoas em isolamento e segurança”, esclareceu, citada pela “TSF”, na segunda-feira, 11 de fevereiro.
A OMS tem utilizado a sua conta oficial no Twitter para partilhar imagens e vídeos com várias recomendações. Lavar as mãos frequentemente, tapar a boca e o nariz ao tossir e espirrar, e evitar o contacto direto com animais de quintas ou selvagens são algumas delas.