Provavelmente, lembra-se dela como uma miúda descontraída e que participou num concurso de televisão à procura do sonho. Estamos a falar de Carolina Deslandes que, em 2010, com 17 anos, participou no “Ídolos“. Mais tarde, mostrou que tinha força de vontade e talento para conseguir vingar no mundo da música, através do seu primeiro álbum lançado em 2012.
Oito anos depois de participar no concurso da SIC e seis anos após lançar o álbum, Carolina Deslandes, que agora tem 26 anos, já publicou mais dois discos. O último chamado “Casa“, lançado em abril deste ano. E é mãe de dois filhos, o Santiago (dois anos) e o Benjamim (11 meses).
Recentemente, depois de ter tido duas gravidezes muito próximas, a cantora portuguesa começou a treinar e mudou a sua alimentação. Aliás, mostrou-o através de vários instastories no seu Instagram, onde tem mais de 300 mil seguidores.
Em entrevista à NiT, revelou que perdeu 6,5 quilos num mês e meio, contou como é que reagiu às mudanças no seu corpo, o que a motivou e como são os seus planos de treino e alimentar atuais.
Não, zero. Gostava de ler e gostava de escrever, mas odiava desporto. Nunca tive muita vontade. Gostava de jogar à bola de vez em quando porque jogava com o meu avô. Tinha assim esse tempo com ele. Mas sempre tive muito más notas a Educação Física, nunca fui desportista. Na verdade, sempre fui super descoordenada.
Acho que eram outros tempos. O despertar da consciência de o que é que faz ou não faz mal é uma conversa recente. No início dos anos 90 ninguém falava do glúten. Toda a gente comia um bocado de tudo, não havia tanto essa consciência de que alguma comida faz efetivamente mal e de que está contaminada com muita coisa que nos prejudica a saúde. Portanto, cresci a comer um bocadinho de tudo. Havia sempre, claro, o cuidado de não comer doces todos os dias.
E durante a gravidez, sentiu a necessidade de ter um estilo de vida mais saudável?
Nunca fiz desporto durante nenhuma gravidez. Na do Benjamim ainda fiz um bocadinho, algumas massagens, mas para me sentir melhor. É que eu não fazia desporto antes da gravidez e então isso pode afetar. Quando já fazes desporto é só uma continuação e não há problema algum. Quando não fazes e arrancas para o desporto e estás à espera de um bebé nem sempre é tão fácil. Até porque tinha o Santiago muito pequenino e eu estava em casa e ele precisava da minha atenção 24 horas. E tinha acabado de lançar um disco, estava a tocar e ainda tinha concertos. Portanto, o desporto não era a minha prioridade. Só agora, há pouco tempo é que comecei a treinar e a dar mais importância a isso.
Como é que geriu as alterações corporais que ocorriam, naturalmente, durante a gravidez?
Durante a gravidez gosto muito de ver a barriga crescer, tiro muitas fotografias e gosto de acompanhar o processo todo. Não tenho aquela coisa de “ah, estou uma grávida tão grande”. Isso é uma coisa que acontece numa fase de gravidez em que já não consegues fazer nada, estás mais cansada, não consegues dormir. No fundo, em que já não tens muita autonomia. Mas ao longo do processo é relativamente fácil. Para mim é mais difícil o pós-parto, em que já não tens o bebé, a minha barriga ficou super descaída e com estrias. Foi muito mais difícil do que o durante, porque nessa altura só pensas no bebé. Depois disso é que pensas “ok, isto está grave e vou ter de começar a fazer alguma coisa”.
Então, depois, foi uma preocupação voltar à forma, já que uma figura pública sente mais pressão, ou surgiu como algo natural?
Acho que foi uma preocupação em termos profissionais, primeiro. Comecei a ter mais dificuldade em fazer os meus concertos, principalmente os que são ao ar livre porque tenho de me mexer de um lado para o outro. Sentia-me mais cansada. No fundo, é como se tivesse com uma mochila e tivesse de andar sempre com ela. Porque este peso que está a mais no meu corpo não é natural à minha fisionomia. Então comecei a sentir a necessidade de me preparar fisicamente para a quantidade de trabalho que tinha. E este ano também é um de mais trabalho e preciso de estar à altura. Não gosto de sentir que vou subir a um palco, que tenho um compromisso profissional e que estou cansada, que estou com dificuldades em superar. Então, decidi começar a treinar.
Tocando no ponto da gravidez do Benjamim, foi algo que aconteceu cerca de três meses depois de nascer o Santiago. Sendo que o pós-parto, como já referiu, é um momento complicado, qual foi a primeira reação?
Por um lado, o meu pós-parto do Santiago não foi tão agressivo como o do Benjamim. Não fiz uma única estria, a minha barriga estava um bocadinho mais para fora como acontece com todas as grávidas, mas não descaiu. No pós-parto do Benjamim foi mais agressivo porque foram duas gravidezes muito seguidas. Ao início foi um susto porque não estava à espera, mas depois fiquei automaticamente feliz e com muita vontade de conhecer o bebé. Porque quando a mulher descobre que vai ter um bebé passa automaticamente a ser mãe e isso passa a ser a tua primeira prioridade e, por isso, fiquei muito feliz e o Diogo [pai do Santiago e do Benjamim] também. É sempre bom.
Durante essa fase, nunca teve receio de mostrar o corpo. Aliás, publicou várias fotografias nas redes sociais. Qual foi o grande objetivo?
Acho que não existe um conceito de gravidez real, cada corpo é um corpo e há mulheres que não engordam. Nunca partilhei com o objetivo “vou mostrar porque assim as pessoas vão ver que não há só grávidas perfeitas”. Partilhei porque era aquilo que tinha para mostrar. Depois, houve muitas pessoas a dizerem “como é que ela tem coragem, está tão grande e tão gorda, como é que ela partilha e não tem vergonha”. É assim que eu sou, não tenho de ter vergonha. É normal, tenho um bebé aqui dentro, quero é que o meu filho nasça saudável. Não tenho de ter vergonha disso. Tenho vergonha de mim se disser uma estupidez, se for preconceituosa, se tiver uma atitude condenável. Isso sim dá-me vergonha. Há pessoas que me dão vergonha alheia porque dizem parvoíces. Agora, estar gorda? Isso não importa. Mas também houve o outro lado. Há uma necessidade na Internet de passares só o lado bom, tanto nas relações, como na família, em estar grávida e em ser mãe. E eu acho que partilho o lado bom e o lado mau. A realidade das coisas. Porque a vida não é só feita de coisas boas ou más, é um processo.
Quando é que decidiu, então, alterar o seu estilo de vida, qual foi o primeiro passo?
Quando vim de Londres, a minha nutricionista, a Ana Bravo, ajudou-me muito. Emagreci imenso com ela e sempre de forma saudável, sem invenções. Ou seja, apenas com a alimentação. Portanto, sempre que preciso de alguma coisa ligo-lhe, vou lá e sei mais ou menos o que devo fazer. Uma das regras do plano era ter um dia em que faço uma asneira e não uma asneira por dia. Depois, cortar em pequenas coisas como o chocolate ou nas batatinhas ou bolachas. Outra coisa muito importante foi cortar nos hidratos de carbono à noite. Para mim faz uma diferença enorme. E começar a substituir a batata branca pela doce, que era algo que não fazia assim com tanta frequência. Comer massa integral foi algo que também comecei a fazer e que aplicámos lá em casa. Também já bebo mais água.
Quanto ao treino, como é que surgiu?
Depois, contactei o Nuno, que é quem me dá treinos, porque ele já o fazia a um amigo meu que teve uma mudança física brutal. Depois dizem-te: “Aqui é onde tu estás e ali está o teu objetivo”. Depois, trabalham contigo para atingires os tais objetivos. Treino três vezes por semana com ele, terças, quartas e sextas e é isto. De treino, faço kickboxing porque eu gosto mesmo, acho que é o único desporto que eu gosto. Nos treinos com PT faço flexões, abdominais, burpees e saltar à corda.
O que é que custa mais?
Saltar à corda. Odeio saltar à corda. Mas descobri que afinal até gosto bastante de correr.
Há quanto tempo é que começou este processo?
Há um mês e meio mais ou menos. Neste período já perdi 6,5 quilos, perdi imenso volume e tenho muito mais energia para começar o dia. Treino e parece que o meu dia tem muito mais horas porque fico mais enérgica e com mais vontade de fazer o que tenho para fazer. O meu nível de produtividade aumenta muito. Nos concertos também já sinto a diferença.
Qual é o grande objetivo?
Gostava de voltar ao peso que tinha antes de ser mãe, de vestir a roupa que vestia na altura, isso é o meu main goal.
Lançou o seu terceiro álbum, que se chama “Casa”, em abril. Este álbum reflete as mudanças da sua vida nos últimos dois anos?
Sem dúvida. Este disco marca uma mudança muito grande na minha vida, no amadurecimento, crescimento, de alteração total da minha realidade e, principalmente, das prioridades. Toda esta fase de mudança e de começar a criar a minha família foi o que realmente inspirou este disco e estas canções. O Diogo, o Benjamim e o Santiago são as personagens principais da minha casa.
Qual é a principal diferença entre este disco e os dois anteriores?
Acho que cada disco reflete bem uma fase da minha vida. Esta é uma fase diferente, um bocadinho mais crescida. Mas acho que sempre abordei todos os assuntos nos meus discos de forma bastante madura. Nunca tive essa coisa muito teenager presente nas minhas canções. Claro que agora falo de coisas diferentes, porque vivo coisas diferentes e a minha forma de escrever e compor sempre foi muito autobiográfica.
Quais são os objetivos para o futuro?
Gostava de lançar mais um livro e de esgotar os Coliseus.
Por fim, pedimos-lhe que deixe um conselho para todas as nossas leitoras que estão grávidas ou na fase pós-parto e que querem melhorar o seu estilo de vida.
Acho que é só termos um momento da nossa vida em que temos necessidade e urgência em nos termos como prioridade também. Porque não se trata apenas de estar gordo ou estar magro, a saúde é o principal na minha vida. Se não estou bem, não consigo fazer bem o meu trabalho, não consigo estar bem com os meus filhos, não tenho a mesma energia para brincar, passear, ir à praia, para tomar conta deles. A partir do momento em que percebemos que treinar é mesmo uma mais valia para a nossa saúde e energia, começamos a arranjar tempo para isso porque é indispensável e não uma coisa facultativa.