Alimentação Saudável
Os vegetarianos são realmente mais saudáveis? Claro que não
Tudo depende das escolhas que faz no dia a dia, segundo a nutricionista Mafalda Rodrigues de Almeida.
Há quem siga a 100 por cento uma alimentação vegetariana por estar preocupado com o ambiente e a sustentatibilidade do planeta. Para outro grupo de pessoas, o principal incentivo é a saúde e a perda peso. Mas tem a certeza que pelo simples facto de ser vegetariano está a seguir uma alimentação saudável? E que, com isso, vai emagrecer?
Vamos por partes. Uma alimentação saudável tem em conta as necessidades de cada pessoa. E mais: deve ser suficiente, equilibrada e adaptada a cada situação e circunstância.
Já a dieta vegetariana é um termo geralmente atribuído a um padrão de consumo alimentar que utiliza produtos de origem vegetal. Portanto, exclui sempre a carne e o peixe. Mas existe a possibilidade de incluir ovos (ovo-vegetariano), produtos lácteos (lacto-vegetariano) ou ambos (ovo-lacto-vegetariano).
As razões que levam à adoção deste tipo de alimentação podem ser, lá está, a preocupação com o planeta. Mas não só. Os direitos dos animais e as questões religiosas ou espirituais também pesam nesta decisão, assim como a preocupação em melhorar a saúde no geral.
Feita a introdução, vamos lá responder à pergunta inicial: segundo a nutricionista Mafalda Rodrigues de Almeida, optar por uma dieta vegetariana não quer dizer que passará a ser uma pessoa mais saudável.
“Se for mal planeada pode ser tão prejudicial quanto uma dieta não vegetariana desequilibrada. Por exemplo, se houver um défice de nutrientes essenciais ou se for rica em produtos excessivamente processados (chegando a fornecer uma quantidade maior de gordura, calorias ou sal), não é de todo uma boa opção”, alerta à NiT.
“Numa alimentação vegetariana é bastante fácil alcançar ou até mesmo exceder o aporte energético (calorias) ideal”
É que alimentos como a maior parte das bolachas, batatas fritas, cereais de chocolate ou aperitivos salgados são considerados aptos para vegetarianos. No entanto, não deixam de ser alternativas a evitar.
Por outro lado, de acordo com a especialista, alguns destes produtos processados podem conter ingredientes e aditivos de origem animal, como albumina, gordura animal, corantes, caseína e glicerina.
“Mas é importante ter noção de que é possível seguir uma dieta vegetariana com o uso mínimo de suplementos ou produtos processados estranhos à nossa tradição alimentar.”
Tem tudo a ver com as suas escolhas.
Então, não devemos seguir uma alimentação vegetariana?
Não é nada disso. Apenas deve ter consciência de que fazê-lo não torna a sua alimentação automaticamente saudável. Tal como em qualquer outro tipo de dieta, é necessário fazer escolhas. A alimentação vegetariana é uma boa alternativa. Aliás, nos últimos anos, as evidências científicas estão a favor de um aumento de produtos de origem vegetal no dia a dia alimentar.
De acordo com a autora do blogue “Loveat“, as investigações mostram não só a importância de um consumo frequente de produtos de origem vegetal, mas também o facto de uma dieta baseada exclusivamente nestes produtos proteger igualmente ou ainda mais a saúde humana.
“Não sabemos se os benefícios da alimentação vegetariana se prendem especificamente com a ausência de produtos de origem animal, ao aumento do consumo de legumes e fruta ou a outros componentes do estilo de vida saudável associados ao vegetarianismo como maior cuidado na escolha de alimentos ou no aumento do exercício físico. Contudo, sabemos que, se for bem planeada e com o acompanhamento de um nutricionista, uma dieta exclusivamente vegetariana pode preencher todas as necessidades nutricionais e ser muito saudável.”
Além disso, já não há dúvidas de que este tipo de dieta pode ser adaptada a todas as fases da vida, incluindo infância, adolescência, gravidez, lactação, idosos ou até mesmo enquanto atletas.
É possível consumir todos os nutrientes essenciais para o organismo?
Acredite ou não, numa alimentação vegetariana é bastante fácil alcançar ou até mesmo exceder o aporte energético (calorias) ideal. Lembre-se de que são consumidos alimentos com alta densidade energética, como frutos oleaginosos, sementes e gorduras vegetais.
O consumo equilibrado destes alimentos fornece, ainda, todos os aminoácidos essenciais, sendo possível alcançar as necessidades adequadas de proteína. No que toca à ingestão de gordura, é importante referir que o tipo de ácidos gordos consumidos é mais importante que a quantidade de gordura ingerida. Um padrão vegetariano inclui, normalmente, uma quantidade menor de gordura total e gordura saturada comparativamente a um padrão não-vegetariano. Esta dieta também está associada a um aumento de fibras, ácido fólico, magnésio, vitaminas C e E, e um conteúdo de fitoquímicos elevado.
“À medida que pesamos os benefícios versus o risco, a dieta vegetariana torna-se uma opção muito benéfica para a saúde. Aliás, está associada à diminuição do nível de colesterol, risco de desenvolver diabetes e doenças cardiovasculares, risco de desenvolver pedras nos rins e cataratas e risco de desenvolver obesidade. É importante também ter atenção à suplementação devido ao risco aumentado de deficiência de vitamina B12”, acrescenta à NiT Mafalda Rodrigues de Almeida.
Independentemente de seguir uma alimentação vegetariana ou não vegetariana, a chave para uma dieta nutricionalmente adequada é garantir equilíbrio e pensar antes de fazer escolhas.
Como sabemos que pode parecer difícil criar receitas nutritivas e sem proteína animal, temos seis receitas sugeridas pela nutricionista para partilhar. Carregue na galeria para tomar nota.