Olá Ryan, estou a ligar de Portugal. Sei que gosta muito de viajar. Já esteve cá?
Nunca estive em Portugal mas é provável que aí vá logo depois do Natal.
Vem de férias?
Sim, de férias. Devemos ir a Lisboa e ao Porto e a qualquer outro sítio aonde a estrada nos leve.
Portugal está na moda. Todos os dias abrem novos restaurantes, hotéis, há dezenas de concertos.
Isso é empolgante, de certeza que vou gostar.
Vamos falar então de “New Amsterdam” porque só temos 15 minutos. É um drama médico, o que pode ser uma escolha com rasteira. Há dezenas na televisão, por isso qual é a novidade aqui? Isso também o fez questionar se seria boa ideia fazer este papel?
Completamente, penso que tive a mesma reação que muitas pessoas teriam quando ouvi que era um drama médico. Fiquei a pensar se haveria alguma coisa nova nesse género, o que havia mais para contar, como seria cativante. Depois li o guião do David Schulner, é uma história verídica, baseada numa pessoa real. Isso foi interessante para mim, o facto de não ser um trabalho fictício.
Costuma trocar ideias com esse médico no qual se baseia a história?
Sim, o Eric Manheimer é um dos produtores da série e está sempre por perto. Esteve presente quando gravámos o episódio piloto. Aparece de vez em quando, trocamos e-mails, é um recurso incrível. Ele tentou realmente inovar e perceber como podia servir melhor os pacientes do hospital Bellevue.
Desde que “New Amsterdam” estreou, o que é que os fãs mais lhe dizem? “How can I help (Como posso ajudar)?”
[Risos] Sim, estão sempre a dizer-me isso na rua. É a coisa mais cool de sempre.
Também é músico. Li que havia um piano no cenário quando estavam a gravar o piloto e o Ryan começou a tocar sem ninguém saber.
Sim, mas só durante uns segundos. Estávamos a fazer a sequência em que o Max despede os responsáveis dos departamentos e havia um piano enorme ali. Não consegui resistir. Ninguém sabia que eu tocava, na realidade, mas agora vamos tendo uns momentos musicais. Há muita gente que sabe tocar instrumentos na equipa.
“Odeio sangue, não consigo olhar para nada disso”
Lembra-se do primeiro dia de trabalho numa série?
A primeira espécie de trabalho que consegui fora da escola foi dizer umas falas numa série chamada “Related”. Lembro-me de ter chegado atrasado ao casting por causa do trânsito de Los Angeles. Quando entrei tinham as fotos dos atores no chão e estavam a discutir quem iam contratar. Eu cheguei e disse: “Esperem, esperem por mim.” Acabaram por me dar umas falas. No dia antes de começar a trabalhar, não me sentia muito nervoso quando me fui deitar, mas depois acordei exausto e angustiado, não tinha descansado nada.
Quanto é que lhe pagaram?
Não sei exatamente quanto foi mas não foi muito. Lembro-me de me sentir cool por me terem pago para ser um ator e dizer meia dúzia de frases. Provavelmente gastei o cheque em DVD, porque isso ainda era popular na altura.
“New Amsterdam” está na pausa de inverno mas vocês estão de volta aos estúdios para gravar. Como está a ser o dia hoje?
Começou demasiado cedo [risos], como sempre, e eu não sou uma pessoa matinal mas quando chegamos ao set divertimo-nos mesmo. É um cliché, mas é verdade. Temos um grupo muito bom. As histórias que contamos são empolgantes e interessantes. Apesar de haver cenas pesadas, rimo-nos muito uns com os outros.
Como é que conseguiu o papel?
Subornei a NBC, disse que lhes dava dez milhões de dólares. Não, estou a brincar [risos]. Ouvi falar do papel mas perdi o interesse rapidamente porque, lá está, era um drama médico. Não estava a ver como podia ser interessante ou diferente de todos os outros. Depois a Grace Wu [vice-presidente executiva da NBC e responsável pelos castings] pediu-me para ler o guião porque achou que eu ia gostar. Foi formidável, tal como ela tinha dito. A personagem era tão dinâmica e cooperativa, gostei muito disso. Encontrei-me com o Peter Horton, o David Schulner e a Kate Dennis [realizadores e guionistas]. São pessoas muito cuidadosas e estavam ali para fazer uma série com qualidade. Pensei que a combinação de todos estes fatores era perfeita.
Interpreta um médico mas como é na vida real? Consegue aguentar qualquer coisa ou quase desmaia se vir um bocadinho de sangue?
Sou muito melindroso, odeio sangue, não consigo olhar para nada disso.
[Começo a tossir desesperadamente] Peço desculpa, estou afónica e a ter um ataque de tosse.
Sem problema, sou médico. Estou a diagnosticar-lhe uma gripe, precisa de descanso e muitos líquidos.
Acabou de gravar uma cena, está a dar uma entrevista agora e depois vai gravar logo a seguir. Precisa de algum momento ou faz alguma coisa específica para se concentrar e voltar a entrar na personagem?
Tento não mudar muito quem eu sou porque o objetivo é não atuar demasiado ou ser artificial, queremos transmitir autenticidade.
[Continuo a tossir] Peço desculpa.
Não, tudo bem, eu ajudo. Estava a dizer que há algumas cenas que pedem mais solidão porque são pesadas.
[Entra a voz de Jennifer, da NBC International, a pessoa que fez a chamada] Andreia? Acho que perdemos a ligação. Também estava a acabar o nosso tempo.
Não sei se a chamada caiu efetivamente ou se Ryan Eggold desligou porque já não aguentava ouvir-me tossir e tinha pacientes mais urgentes para tratar. Quero acreditar que haverá uma próxima consulta em Lisboa para tirarmos isso a limpo.