Colecionadores de citações, peguem no bloco de notas e sentem-se no sofá. Chegou a nova temporada da série mais rica em one liners de todos os tempos. A quarta temporada de “Billions” arranca a 26 de março e faz uma entrada ao seu estilo: de pedal a fundo, ao volante de um carro com mais cavalos do que aqueles que conseguimos contar, rumo a uma orgia regada a testosterona, traição e tiradas geniais.
Há três anos, a primeira temporada terminava com o protagonista, Chuck Rhoades (Paul Giamatti), num duelo de palavras com a outra estrela, Bobby Axelrod (Damian Lewis), e com um aviso: “O único inimigo mais perigoso do que um homem com recursos ilimitados é aquele que não tem nada a perder.”
Três temporadas depois, os criadores da série decidiram trocar as voltas aos fãs e, de forma não tão surpreendente – ambos terminaram a terceira temporada a partilhar planos de vingança –, colocaram os eternos inimigos do mesmo lado da barricada.
Depois de um golpe falhado para tentar fazer cair o procurador-geral dos EUA, Chuck Rhoades acabou por ser traído, humilhado e demitido. O multimilionário Bobby Axelrod terminou a temporada igualmente num sítio pouco desejável: a tentativa de reerguer a empresa acabou frustrada pela traição de Taylor Mason (Asia Kate Dillon), a miúda prodígio, que roubou clientes e funcionários para lançar o seu próprio negócio.
E é assim que “Billions” volta à ação: com os dois rivais de mãos dadas, a moverem peões e a unirem esforços para, mais do que dinheiro, voltarem a ter todo o poder. E sim, apesar do nome da série, mais do que dinheiro, todas as personagens ambicionam a capacidade de influenciar tudo e todos ao seu prazer. A tarefa não vai ser assim tão simples.
Sem a lei ao serviço e o poder que acompanha o título de procurador, Chuck é um facilitador castrado com tudo por provar. Na caminhada de regresso ao topo – e até à doce vingança que, todos sabemos, vai chegar mais cedo ou mais tarde –, a personagem de Giamatti é obrigada a uma tarefa pouco digna: traficar influências pelas ruas de Nova Iorque – ao som da balada funky “King of New York” dos Fun Lovin’ Criminals – como um vendedor itinerante.
Entretanto, na Axe Capital, a paranóia colocou a ditadura de Axelrod em alta-rotação. “Agora vivemos num universo dividido ao meio. Têm que escolher um lado. Se não estiverem no meu, já eram”, atira enquanto prepara a estratégia para arrasar Mason. Pequeno problema: Grigor Androlov (John Malkovich), oligarca russo e reencarnação da personagem de Teddy KGB de “Rounders”, está disposto a tudo para evitar perder um único dólar.
Se à fórmula juntarmos uma ex-pacificadora e enraivecida Wendy Rhoades (Maggie Siff) e um Wags (David Costabile) mais louco, mais drogado e ainda mais prolífico em tiradas que misturam o pénis de Dirk Diggler, islamismo, apedrejamentos e Bentleys, os novos episódios têm tudo para serem os mais desvairados de sempre.
Na quarta temporada – que estreia às 22h30, no canal TVSéries –, “Billions” parece estar a tentar reinventar-se sem abdicar da receita que a tornou numa das séries mais divertidas da televisão. Os vilões passaram a heróis, os bons meninos tornaram-se traidores e todos se mantiveram fiéis às suas personagens: nada soa a falso no novo guião.
Na essência de “Billions”, por detrás dos bons princípios está sempre escondido um imparável desejo por poder e influência, conquistado em combates titânicos de inchados egos masculinos e uma ou outra sofrida – e sempre hilariante –emasculação. E não há luta mais suja e tão incrivelmente divertida como esta. Como diria Wags, “It’s on like Chaka Khan”.