Tal como várias outras séries, “Anatomia de Grey” teve a sua 16.ª temporada encurtada depois de a pandemia global do novo coronavírus chegar em força (e repentinamente) aos EUA. Por causa disso, o 21.º episódio tornou-se o último, apesar de, inicialmente, estarem previstos um total de 25.
Por sorte, aquele que se tornou o último capítulo da temporada — que em Portugal foi transmitido esta quarta-feira, 15 de abril, às 22h20, na Fox Life — soava bastante a um final, como a showrunner Krista Vernoff explicou numa entrevista sobre o assunto dada à revista “Entertainment Weekly”.
O mistério em torno de Richard Webber ficou resolvido — todos aqueles problemas de saúde eram o resultado de um envenenamento por cobalto, e no final do episódio a personagem já se sentia muito melhor. Já Teddy terminou o capítulo com um casamento cancelado, depois de Owen ter ouvido uma mensagem de voz que ela acidentalmente gravou enquanto tinha relações com Tom.
“Eu tinha ouvido falar de envenenamento por cobalto e pareceu-me uma história entusiasmante para o Jim Pickens. É um ator incrível e durante muitos anos teve de ser alguém muito seguro e consistente. O ator já merecia o direito de protagonizar uma narrativa destas. Foi difícil para os fãs que estavam sempre a dizer ‘Oh não, o Richard não’, mas para o ator foi uma temporada entusiasmante”, disse Krista Vernoff.
A showrunner reconheceu ainda o quão “sortuda” foi a série para que este tivesse sido o episódio final da temporada e que não tivesse calhado, por exemplo, no capítulo anterior (ou no seguinte).
“O que foi de loucos é que desde que os argumentistas me falaram deste episódio e depois o escreveram que eu continuei a dizer: ‘Pessoal, isto parece um final de temporada, o que vamos fazer depois disto?’ Nós tivemos literalmente conversas sobre empurrar este episódio mais para o final da temporada, mas não queríamos que os fãs tivessem mais episódios sem conhecerem o diagnóstico do Richard. E de repente tornou-se o final de temporada. Não que sejamos sortudos por não termos conseguido fazer os outros quatro episódios, porque também tínhamos grandes histórias.”
Krista Vernoff diz, no entanto, que o mais provável é que esses quatro capítulos que estavam previstos para o final da 16.ª temporada não deverão transitar para a 17.ª. “Acho que temos que os reformular, mas não sei até que ponto. De certeza que não podemos gravar o que seria o 22.º episódio e torná-lo na estreia porque não foi criado para ser uma estreia. Era um episódio relativamente moderado depois de um que tinha sido intenso. Por isso vamos ter de reconsiderar muitas coisas.”
E acrescenta: “Muitas das coisas que tínhamos pensado para os restantes quatro episódios vão ter de ser alteradas, mas não consigo dar respostas até ter os guionistas na mesma sala. Posso dizer que temos tido conversas por mensagens em que fazemos brainstorms porque temos tido tempo para pensar nas histórias.” Portanto, aquilo que estava planeado será certamente alterado por causa da interrupção por tempo indeterminado das gravações.
Krista Vernoff falou ainda sobre a relação de Teddy e Owen, da troca de papéis — sendo que Owen esteve, no passado, dividido entre Teddy e outra mulher — e de como se isso se relaciona com a própria vida pessoal da showrunner.
“Tem sido a minha experiência enquanto ser humano de que frequentemente há trocas de papéis nas dinâmicas das relações. Se eu me senti uma vítima numa determinada dinâmica, na minha relação seguinte acabo por experienciar talvez aquilo que o meu parceiro na antiga relação estava a atravessar. Acho que com a Teddy e o Owen foi uma forma perfeita de inverter uma série de paradigmas para olhar para a Teddy de uma nova perspetiva, e para ela ter uma nova experiência para perceber de outra forma o que lhe tinha acontecido a ela.”
Vernoff explica ainda que foi a história que teve mais pena de não completar nesta temporada. “Porque toda a gente está tão zangada com a Teddy agora e parece que vai ser um longo verão para a Kim Raver [risos]. Mas os homens traem a toda a hora na televisão e essas personagens redimem-se, e é muito raro que isso aconteça com mulheres. Culturalmente, se uma mulher trai, ela fica para sempre escrita como uma prostituta. É isso que acontece na nossa cultura e na nossa televisão, e acho que esta é uma oportunidade linda para abalar isso.”