O lisboeta Gonçalo Conde descobriu a paixão pelo desenho — e pela arte em geral — aos 13 anos. Contudo, quando chegou a altura de escolher uma área profissional, acabou por seguir Medicina Dentária e tornou-se dentista. Fez múltiplas pós-graduações na área, que lhe deram a oportunidade de viver em várias cidades no estrangeiro.
Los Angeles, nos EUA; Milão, em Itália; e Estocolmo, na Suécia, foram algumas delas. Enquanto tratava das cáries dos pacientes, tornou-se um colecionador de arte e cliente assíduo das galerias de cada uma destas cidades.
“Quando nos tornamos colecionadores vamos fazendo uma instrução autodidata, também com pessoas que vamos conhecendo”, conta Gonçalo Conde à NiT.
Foi aos 21 anos, em 2005, que ingressou no curso noturno de Joalharia Contemporânea, no Centro de Arte e Comunicação Visual Ar.Co. Hoje, aos 34 anos, Gonçalo Conde abre a própria galeria de arte, a Espaço Real — e tudo isto sem deixar de ser dentista.
Foi inaugurada a 16 de fevereiro e fica no Príncipe Real, em Lisboa. Está instalada num prédio remodelado que passou por várias e longas obras. Tem 80 metros quadrados e tem a representação única, em Portugal, das peças da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva (FRESS). “Desde que comecei a desenhar aos 13 anos até agora, passaram 20. É um projeto que já tem esse tempo.”
Trata-se de um espaço de cariz multicultural que reúne antiguidades e arte contemporânea portuguesa — sejam artes plásticas, fotografia, escultura, vídeo ou joalharia. Vai receber exposições individuais e coletivas.
Pedro Sequeira (Artes Visuais), Frederico Brízida, Miguel Bartolomeu, André Leal e João Octávio Peixoto (Fotografia), Hugo Palma (Artes Plásticas), Carolina Quintela (Joalharia, Curadoria e Escultura) e Inês Nunes (Joalharia e Curadoria) são os artistas representados pela nova galeria. Até 19 de abril está patente a exposição “O Olhar Indisciplinado. Notas sobre Desenho”, de Pedro Sequeira.
As peças têm preços muito variados: neste momento, podem custar entre os 120€ e os 7380€, mas há uma rotação frequente na galeria. Uma das peças mais caras é uma cómoda que pertenceu ao espólio de D. Maria I, criada no século XVIII, que está na foto em destaque neste artigo. Várias das peças são da coleção privada de Gonçalo Conde, que tem dezenas de obras.
O colecionador quis começar este projeto no Príncipe Real por ser uma zona da cidade com várias galerias de arte e onde já existe um circuito formado com pessoas do meio. Além disso, não é longe da Rua Castilho, onde fica a MD Clínica, o local onde todos os dias Gonçalo Conde recebe os pacientes que precisam de cuidados dentários.
A Espaço Real está aberta de terça-feira a sábado, entre as 15 e as 20 horas, apesar de estar disponível noutros horários — desde que seja marcada previamente uma visita.
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