Até 2013, o Palácio dos Condes de Tomar, edifício construído no século XVI que fica no Bairro Alto, em Lisboa, acolhia a Hemeroteca de Lisboa. Funcionava ali desde 1973. Antes disso, tinha sido a residência privada dos nobres de Tomar.
Seis anos depois de ficar vago, o espaço que pertence à Santa Casa da Misericórdia é agora o novo centro cultural da cidade. Reabriu, totalmente restaurado, a 23 de janeiro como Brotéria — pela organização que publica a revista cultural com o mesmo título há 120 anos, a ordem religiosa dos jesuítas.
A Brotéria é um espaço aberto a todos e que tem como principal foco unir a religião e a fé à cultura urbana e contemporânea. O palácio tem quatro pisos. No último existem apartamentos onde vivem seis padres jesuítas.
Nos restantes andares é possível — aconselhável até — andar-se livremente, e muitas das salas e salões estão disponíveis para serem alugados para eventos.
O que já funciona ali, no rés-do-chão, é uma galeria de arte com três salas, que vai receber vários tipos de exposições. A primeira mostra, que inaugurou o espaço, é “Todas as Coisas”, que retrata a história da revista Brotéria através de materiais antigos de arquivo.
Há ainda vários tipos de peças, cedidas por colecionadores privados, que ali estão sem haver uma grande separação entre obra de arte e público. Encontram-se por lá fotografias de Rui Calçada Bastos, pinturas de Jorge Queiroz, instalações da dupla Dias & Riedweg e uma escultura de Rui Chafes.
No piso superior, por onde se acede através de uma escadaria imponente, existem os tais espaços para eventos, salas de estudo e uma biblioteca com mais de 160 mil volumes. São dezenas e dezenas de estantes espalhadas. A arquitetura antiga tem várias peças de mobiliário moderno espalhado — lá está, o objetivo é sempre aliar a tradição à modernidade.
Prova disso é o antigo oratório que tem agora instalado uma fotografia de João Penalva chamada “Looking Up in Osaka” — que retrata a imagem de uma série de cabos elétricos, que é a paisagem que temos em Osaka, no Japão, quando tentamos olhar para o céu.
Há ainda o Café Brotéria, com um néon que pede “Give me a revolution”, e que tem a mão do chef Carlos Robalo, que trabalhou na Bica do Sapato e no Varanda do Ritz. Todos os dias há uma sopa diferente (2,80€) e uma quiche (6,50€ a fatia).
Prove ainda um hambúrguer vegetariano (11€), bife da vazia à portuguesa (16€), risotto de tomate e queijo feta (10,95€) ou tartines de salmão fumado (8,90€), sardinha (6,50€) e rosbife (9,80€).
Não perca ainda o brunch, que pode ser servido a qualquer hora do dia. Existem três menus, todos eles acompanhados de iogurte natural com granola, sumo de laranja e café: o Mandamento (8,90€), com panquecas e frutos vermelhos; o Limoeiro (13€), com uma tosta de abacate e cogumelos à Bulhão Pato; e o Retiro (15,5€) com benedict de legumes e puré de beterraba.
O Café Brotéria também tem uma esplanada, que fica num local sossegado para quem procurar um oásis dentro do Bairro Alto (sobretudo na primavera e verão).
Em março, a livraria Snob vai juntar-se à Brotéria, depois de sair do seu espaço na zona de Santos. Vai ocupar todo o lobby e parte do espaço junto da escadaria. O palácio está integrado no Pólo Cultural de São Roque, composto também pela Igreja e o Museu de São Roque, e a Casa da Ásia – Coleção Francisco Capelo, que vai ser construída mesmo ao lado, no Palácio de São Roque.
O espaço tem entrada livre e está aberto todos os dias entre as 10 e as 18 horas, exceto aos domingos, quando o palácio encerra ao público.
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