« Um elefante e um rinoceronte lutaram em Lisboa (e outras 4 histórias inacreditáveis sobre a cidade)
Uma batalha entre um rinoceronte e um elefante
Lisboa, 1515. Portugal vive os tempos de glória dos Descobrimentos e o rei D. Manuel, por causa das experiências que os portugueses tiveram em lugares tão diferentes no mundo, desenvolveu um gosto por animais exóticos.
No Palácio dos Estaus, que ficava no sítio agora ocupada pelo Teatro Nacional D. Maria II, no Rossio, havia um estábulo que tinha elefantes, leões, macacos, gazelas, aves tropicais e outros animais muito diferentes daqueles que se podiam encontrar na Europa. “Estes animais desfilavam pelas ruas da cidade nas procissões reais”, para delírio do povo.
Certo dia, como presente do governador português na Índia, Afonso de Albuquerque, o rei recebe um rinoceronte-indiano, com quase quatro toneladas, que chegou de barco depois de uma viagem que durou quatro ou cinco meses. Muitas pessoas esperaram no Tejo para o ver. Não havia um animal daqueles na Europa desde o tempo do Império Romano.
Para testar se era feroz ou se apenas tinha esse aspeto, D. Manuel marcou um combate entre o rinoceronte e um elefante, que atraiu as pessoas e cuja notícia se espalhou pela Europa. Aconteceu numa arena improvisada junto do Palácio da Ribeira, onde agora fica a praça do Terreiro do Paço — e o jovem elefante desistiu assim que viu o adversário. Virou-se de costas para ele, correu e rompeu o portão. Só parou no Rossio, perto do estábulo a que chamava casa.
Este rinoceronte serviu de inspiração para uma famosa gravura do pintor alemão renascentista Albrecht Dürer (na imagem). Passado seis meses, foi novamente usado como presente para ser oferecido ao Papa Leão X. Depois de uma viagem que atravessou o mundo, da Índia a Portugal, o rinoceronte acabou por morrer num naufrágio no tranquilo Mar Mediterrâneo, e chegou ao Vaticano embalsamado, depois de ter dado à costa.