Tudo começou pelas 9h25 desta terça-feira, 21 de julho. Na cidade ucraniana de Lutsk, um homem tomou à força o controlo de um autocarro e fez reféns os 12 passageiros e o motorista que lá estavam dentro. Rapidamente se tornou notícia internacional.
Identificado como um antigo recluso, que tinha cumprido uma pena de prisão por posse de arma e fraude, este homem de 44 anos chamado Maksym Kryvosh disparou sobre uma aeronave que sobrevoou o autocarro, disparou na direção da polícia e atirou até uma granada que, por sorte, não chegou a explodir.
Tendo em conta a situação de perigo, as autoridades pediram à população para que permanecesse em casa — de modo a evitar que houvesse pessoas a circular nas ruas à volta deste incidente.
A situação foi longa e tensa — durou cerca de 12 horas. Os jornalistas ucranianos conseguiram falar com o sequestrador, que também usou as redes sociais durante o rapto — embora a sua conta no Twitter tivesse sido desativada pela plataforma.
Segundo o jornal “The Guardian”, um dos reféns conseguiu falar ao telefone com um jornalista e implorou para que pusessem aquele homem em contacto com o gabinete do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy. Era uma das suas exigências.
Depois de três reféns terem sido libertados, Zelenskiy aceitou falar com Kryvosh, que exigia que dezenas de funcionários do governo admitissem ser “terroristas”.
O pedido seguinte, que fez com que o sequestrador libertasse as restantes pessoas que tinha aprisionado no autocarro, foi no mínimo insólito.
Maksym Kryvosh exigiu que o presidente ucraniano promovesse o documentário “Earthlings”, realizado por Shaun Monson, sobre os direitos dos animais, e que tem o ator Joaquin Phoenix como narrador e figura central.
Este filme de 2005 analisa o uso de animais na indústria da agricultura e no campo científico, entre outras, e inclui filmagens escondidas de animais em sofrimento.
Para resolver a situação, Volodymyr Zelenskiy aceitou o pedido do sequestrador e partilhou na sua página oficial no Facebook um pequeno vídeo a recomendar o documentário. “O filme ‘Earthlings’, de 2005. Todos deviam vê-lo”, disse Zelenskiy na descrição do post.
Foi o suficiente para Kryvosh — descrito pela imprensa ucraniana como um ativista pelos direitos dos animais, e que também terá escrito um manifesto de 500 páginas a explicar as suas intenções neste incidente — libertar os restantes reféns. Depois de Kryvosh ter sido detido pela polícia, o presidente ucraniano apagou a publicação do Facebook.