Dizer que qualquer um dos atores referidos neste artigo recebe pouco, vai soar a absurdo, sobretudo aos comuns mortais, que trabalham das nove às 18 horas, de segunda a sexta-feira. Mas a verdade é que nesta área o dinheiro tem um significado (e tamanho) diferentes. A revista “The Hollywood Reporter” reuniu num artigo aqueles que foram aumentados, aqueles que recebem menos, e os diferentes métodos de pagamento que agora se aplicam no mundo do cinema norte-americano. No artigo desta revista norte-americana, estão também incluídos produtores, guionistas ou maquilhadores, mas a NiT cingiu-se aos atores e realizadores.
Uma das grandes diferenças é que atualmente nem atores, nem realizadores recebem tanto dinheiro no início de um filme, como recebiam antes — basicamente, recebem menos adiantado. Conta o “The Hollywood Reporter” que houve alturas em que os grandes do cinema conseguiam entre 20 a 30 milhões de dólares (18 a 27 milhões de euros) antes de começarem a rodar um filme. Hoje isso já quase não acontece, mas ainda há quem o consiga. Depois há os que quase atingem este valor e quem esteja muito longe dele (mas utiliza outras técnicas). Vamos por partes.
Comecemos por Jennifer Lawrence: a atriz que ficou conhecida com o filme “Guia para um Final Feliz”, é uma das mais bem pagas, sendo que, de acordo com o “The Hollywood Reporter”, recebeu a (modéstia) quantia de 20 milhões de dólares (cerca de 18 milhões de euros) pelo filme “Passageiros”, que se encontra em fase de pós-produção. Em seguida, nos mais bem pagos, aparecem os nomes Leonardo DiCaprii e Dwayne Johnson, que ultrapassaram Robert Downey Jr (“Avengers” e “Ironman”).
Ainda assim, Dwayne Johnson (ou “The Rock”) não consegue atingir os mesmos 20 milhões que Jennifer Lawrence, tendo recebido apenas (?) 19 milhões de dólares (17 milhões de euros), pelo remake do filme “Jumanji”.
Keanu Reaves, que chegou a receber 15 milhões de dólares (13 milhões de euros) em antemão — o “Hollywood Reporter” conta que o filme “Matrix” lhe valeu 250 milhões —, atualmente recebe, nestes moldes e pela sequela do filme “John Wick”, uma quantia que fica entre os 2 milhões e os dois milhões e meio de dólares (perto de dois milhões de euros). Ainda assim, o ator arranjou uma forma de fazer render mais a sua profissão: passa a ter participação accionária do filme, “o mesmo caminho que muitos outros atores estão a seguir.”
Um exemplo disso é Vin Diesel, que, apesar de receber milhões pela saga de filmes “Velocidade Furiosa”, vai receber um milhão de dólares (perto de 900 mil euros) inicial pelo filme “XXX3” mais uma percentagem das acções do mesmo.
E os realizadores?
Do lado dos realizadores, um produtor de topo explica ao “The Hollywood Reporter” que, atualmente “as ofertas são muito complicadas”. “Longe estão os dias em que havia um Scorsese que tinha sempre a sua parte”, diz o mesmo produtor, que afirma que atualmente é raro isto acontecer.
Mas parece que há quem ainda tenha sorte. Mais concretamente o realizador Christopher Nolan, que recebeu 20 milhões e terá direito 20% das receitas do futuro filme “Dunkirk”. Este é o acordo mais valioso desde que Peter Jackson obteve o mesmo valor pelo filme “King Kong”.
Do outro lado, e com uma história mais triste, temos o caso de David Fischer, que deixou de realizar o filme “Steve Jobs”, porque não baixou a proposta de dez milhões de dólares para o fazer. Assim, o filme passou a ficar a cargo de Danny Boyle.
Angelina Jolie recebeu um milhão (perto de 900 mil euros) pelo filme “Unbroken” e Sam Taylor-Johnson conseguiu mais de o dobro por causa de “50 Sombras de Grey”.
Segundo o “Hollywood Reporter”, aos realizadores, os estúdios estão a pagar menos no início, mas, em troca, dão maiores percentagens dos lucros finais do filme — depois de ser atingido o break-even, que é quando o saldo fica a zero, ou seja, quando o dinheiro investido na produção é pago”.
“Esta é a grande aposta — o aumento da distinção entre o que recebe no início e no fim”, explica o mesmo produtor.