A nova série do AMC chama-se “NOS4A2”, mas na verdade ninguém consegue pronunciar este nome. A NiT dá uma ajuda: diga apenas “Nosferatu”. É o nome de um vampiro clássico que é agora reinventado para esta história baseada num livro de Joe Hill, filho de Stephen King, publicado em 2013.
A produção estreia em Portugal a 3 de junho, uma segunda-feira, pelas 22h10. Antes disso, a NiT e outras publicações falaram com Zachary Quinto, o ator americano de 41 anos que interpreta Charlie Manx. Encontrámo-lo esta quinta-feira, 23 de maio, no centro de Lisboa. Com uns ténis Stan Smith calçados, calças escuras, uma T-shirt completamente branca e óculos Ray Ban, na rua seria confundido com qualquer turista, apesar de ter uma cara famosa.
“NOS4A2” é a matrícula do Rolls Royce que a sua personagem conduz. Ele é o vilão da história: um vampiro bastante diferente daqueles que estamos habituados a ver na televisão. Não é sedento de sangue e alimenta-se de almas de crianças que servem, basicamente, de gasolina para o seu carro, de força motriz para a sua vida. A protagonista, que é interpretada por Ashleigh Cummings, é uma jovem mulher que tem um dom capaz de pôr tudo em causa.
O objetivo do vampiro é rejuvenescer e durante a série vemo-lo com várias idades e, por isso, aspetos. Zachary Quinto diz que esse foi um dos maiores desafios em construir a personagem. Leia a entrevista.
O que é que o atraiu mais para esta série — e personagem?
O aspeto mais interessante foi a oportunidade para me emergir mesmo na personagem de forma física, e transformar-me nela. Essa parte do processo deve ter sido a mais única. Fiquei fascinado com a história e por lhe dar vida.
Charlie Manx é como se fosse uma mistura perversa do Pai Natal e do Drácula. Inspirou-se em alguma figura mitológica para esta personagem?
A minha inspiração veio mesmo do livro. A melhor coisa de estar num projeto destes é que existe uma riqueza enorme de material. O Joe Hill escreveu um livro incrível, mesmo cativante e absorvente, em que as personagens são realmente exploradas ao máximo, e de forma complexa. Também há um livro à parte, que é uma novela gráfica co-escrita pelo Joe Hill que é sobre o Charlie Manx, o carro e a história dele. Não tive de ir mais longe do que isso para me inspirar para esta personagem.
Mas já conhecia os livros?
Não, li primeiro os guiões — enviaram-me seis e decidi fazer parte da série depois de os ler. Só depois é que li o livro. Li várias vezes e andei com ele durante a temporada para ver sempre que precisava. A parte fixe é que houve momentos em que já não me lembrava se era do livro ou da série, não sabia quando ou onde começava cada um. Acho que o [showrunner] Jami [O’Brien] fez um grande trabalho para honrar a visão do Joe sobre a história.
Levou alguma coisa de personagens antigas para esta ou foi mesmo começar do zero?
Acho que todas as personagens que interpretamos são influenciadas pelas personagens que já interpretámos. Faz parte do processo de sermos atores e acho que a nossa experiência é cumulativa. Não foi de forma consciente que criei esta personagem com base noutras, mas o facto de ter interpretado vilões no meu percurso faz com que seja um marco voltar, e acho que não aconteceria se não tivesse tido esses papéis no passado.
Como é que define este vilão?
A coisa interessante sobre o Charlie é que ele não se vê como um vilão. Ele acredita que o que está a fazer é do melhor interesse daqueles miúdos e é isso que o torna tão perverso. Ele está a fazer aquilo com base no próprio trauma de abandono de infância. Acho que ele acredita genuinamente que está a oferecer àqueles miúdos uma vida melhor do que a que estão a viver com os pais e isso é fodido mas também é o que torna a história cativante.
O Charlie é um desvio dos estereótipos dos vampiros?
Sem dúvida. Ele não é sedento de sangue e a relação dele com o carro é importante para que isso aconteça, faz com que haja uma grande variação neste tema. O carro é uma extensão do Charlie e o Charlie é uma extensão do carro. Estão ligados de forma energética.