Desde que “The Village” foi apresentada pela estação de televisão NBC que as comparações com “This Is Us” não têm parado. Até podem existir algumas semelhanças, mas também são várias as características que as distinguem. A série estreou nos EUA a 19 de março.
É um drama passado sobretudo num edifício de apartamentos em Nova Iorque chamado The Village. Aqui, a família em destaque é, na verdade, uma comunidade de vizinhos. O showrunner é Mike Daniels (um dos argumentistas e produtores de “Sons of Anarchy”). O capítulo de estreia da história serve especialmente para apresentar os protagonistas ao público.
O ator mais experiente, Dominic Chianese (que muitos conhecerão com Uncle Junior de “Os Sopranos”), tem 88 anos. Ele interpreta Enzo Napolitano, um avô viúvo, determinado e teimoso, que sai de um lar para ir viver com o neto num daqueles apartamentos.
O neto é Gabe Napolitano (Daren Kagasoff), que se mudou para aquela casa, que tem uma renda controlada, para conseguir pagar um sítio para viver enquanto termina o seu curso de Direito. Já Frankie Faison tem o papel de Ron Davis: ele é o responsável pela administração do edifício e é o dono de um clube de jazz ali perto que se chama Smalls.
A mulher de Ron é interpretada por Lorraine Toussaint. É uma figura importante em toda a dinâmica social daquele prédio de apartamentos. Quem se mudou recentemente para lá foi o agente da polícia Ben Jones (Jerod Haynes) — vai apaixonar-se por uma mulher que está com algumas dificuldades em lidar com as leis de imigração nos EUA.
Há ainda outras quatro personagens relevantes. Uma delas é Sarah Campbell (Michaela McManus), funcionária de um lar de idosos e mãe solteira. A sua filha é Katie (Grace van Dien), que, embora seja uma adolescente, está grávida. Moran Atias tem o papel de Ava Behzadi, uma iraniana (a paixão do agente da polícia) que é mãe de uma menina chamada Sami, que está na escola primária.
Por fim, há Warren Christie — que se parece um pouco com Justin Hartley, o ator que é Kevin em “This Is Us” —, que interpreta Nick Porter. É um veterano de guerra ferido (só tem uma perna) que voltou do Afeganistão para começar uma nova fase na sua vida.
Tal como as pessoas na vida real, todas estas personagens enfrentam problemas — não são os maiores do mundo, mas são suficientes para elas sofrerem com isso (e esses sentimentos, claro, passam através do ecrã da televisão para o público).
Os dramas dos moradores de “The Village” são atenuados porque todos aqueles vizinhos cuidam uns dos outros. São uma verdadeira comunidade. Os temas podem ir desde o stress pós-traumático causado pela guerra à gravidez adolescente, passando pela velhice, os problemas da imigração, a custódia dos filhos ou o cancro, entre outros.
As casas parecem demasiado luxuosas para os salários destas personagens, mas isso nunca foi um obstáculo em televisão. Esta série promete fazer-nos chorar — possivelmente ainda mais do que “This Is Us”. É melhor ir renovar o stock de lenços de papel lá de casa, porque o enredo vai explorar a fundo os sentimentos de todos os protagonistas. E isso é contagiante.
As críticas internacionais têm sido positivas e dizem que a qualidade vai crescendo com os episódios, apesar de estabelecerem as diferenças entre esta e a história da família Pearson. Mesmo que ambas sejam produzidas e transmitidas pela NBC, “The Village” tem uma narrativa bem mais simples. Embora contenha algumas revelações chocantes, não terá as reviravoltas de “This Is Us”. E não vai acompanhar um conjunto de pessoas ao longo de várias décadas, com diferentes timelines a cruzarem-se em simultâneo.
Nos EUA, os novos episódios de “The Village” são transmitidos às terças-feiras, depois de “This Is Us”. Assim que terminar a terceira temporada da série de Jack, Rebecca, Kevin, Kate e Randall, entre outros, “The Village” vai ocupar o seu horário. A primeira temporada tem dez episódios e ainda não se sabe se vão estrear em Portugal.